Bola de Cristal | Capítulo 12

Web Novela de Tiago Kleine

Ú L T I M A S   S E M A N A S

“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

 

BDC | 12° CAPÍTULO

As pernas de Bruna bambeavam, no primeiro momento pensou que fosse apenas uma brincadeira de Betina para assustá-la quanto ao frango que comeu, mas estava assustada. Betina, ou melhor, Zeca Leão, levantava-se e andava em volta do carro igual um cangaceiro nordestino.

BRUNA – Betina, por favor vamos embora e para com essa palhaçada! – implorou.

BETINA – Aqui não tem ninguém de palhaçada moça! – falou e foi até a encruzilhada, sentou-se e começou a comer e beber.

BRUNA – Betina você não pode comer isso! Vamos! Já curtiu demais com a minha cara por hoje.

BETINA – Esse banquete é meu! E vai tomar teu rumo urubu do agreste, me deixa!

BRUNA – Cala a boca e vamos pra casa.

BETINA – Ta maluca? Não moro com você e tenho muita coisa pra fazer por aqui, pode ir dando o fora, não quero ninguém me enchendo o saco.

BRUNA – Você vai continuar com essa brincadeira não é? Pois eu vou ligar pra mulher do barracão e se ela me disser que você está mentindo eu vou te dar uma coça que tu nunca mais vai esquecer!

BETINA – HAHAHAHAH! Ai que medo. – chupou o osso de uma coxa – Liga de uma vez e depois some daqui.

Bruna fez a ligação, no fundo ainda acreditava que era apenas uma brincadeira de Betina.

MULHER (ao telefone): Como é que é? O Zeca Leão incorporou nela? – em tom assustado.

BRUNA- Não sei, por que isso aconteceria? – investigou.

MULHER – Geralmente acontece quando algo no ritual não é feito direito.

BRUNA-  Nós fizemos tudo certinho; só a Betina comeu um pedaço de frango porque estava com fome, e quando ela acordou do suposto desmaio perguntou do frango, por isso acho que é uma brincadeira dela pra me assustar, sei lá!

MULHER – Puta que pariu! Vocês não fazem nada certo hein! Se fizeram o ritual e ela comeu o frango que já pertencia à ele, podes ter certeza que o Zeca realmente incorporou nela.

BRUNA – Tá e agora? O que eu faço? Ela ta ali comendo todas as coisas do ritual.

MULHER – Normal não é? Se vocês ofereceram o jantar para ele, nada mais óbvio que ele comer. Tenta trazer ele aqui que vamos ver como manda-lo embora!

Bruna tentou de todas as formas convencer Zeca Leão a entrar no carro, mas nada fazia muda-lo de ideia e aceitar o convite. O celular de Bruna tocou, era Lívia. Primeiro hesitou em atender, mas tinha que dividir sua aflição com alguém.

LÍVIA (ao telefone): Onde vocês estão? Não deram mais notícias! – preocupada.

BRUNA – Preciso muito da sua ajuda! Eu e a Betina fizemos uma cagada federal! 

| CENA 02 |

Lívia havia chegado no morro onde Bruna estava. Betina continuava “desbravando” o matagal próximo à encruzilhada.

LÍVIA – Eu não acredito que vocês fizeram isso! Pra que se meter em fazer macumba me diz?  – perguntava muito irritada.

BRUNA – É uma longa história, outra hora te conto, o importante é levarmos a Betina pro barracão.

LIVIA – Espero sincertamente que tenham tido um bom motivo pra terem feito isso!

BRUNA  –Pode acreditar que sim.

LIVIA – E onde esta ela? Ou ele, sei lá.

BRUNA – Disse que tem muita coisa pra fazer por aqui e se enfiou naquele matagal.

LIVIA – Fazer o que aqui gente? Só tem mato! Eu vou atrás dela e vou dar uns dez tapas na cara dela e trazer ela de volta.

Lívia adentrou o matagal e foi atrás de Betina, não demorou para que a encontrasse.

LÍVIA – Acabou a brincadeira!

BETINA  – Quem és tu quenga velha?

LIVIA- Quenga velha é a mãe – e deu-lhe os dez tapas prometidos, no décimo Betina segurou forte os braços de Lívia.

BETINA – Mulher nenhuma bate em mim!

LIVIA- Mas eu bato. E muda essa voz de uma vez, chega de brincadeira e vamos para casa!

Betina soltou os braços de Lívia. Pegou forte em seu cabelo e cheirou sua nuca.

BETINA – Mulher forte me excita! Eu fico louco. –  e cheirou o cangote de Lívia, que ficou toda arrepiada.

LÍVIA – Epa, sai pra lá que eu não sou sapatão não! –  afastou-se de Betina –  Bem que tu tinha cara de botinuda, mas nunca pensei que fosse sério.

BETINA – Me chamo Zeca Leão e você? –  ajoelhou-se em frente à Lívia e beijou sua mão.

Lívia resolveu entrar na brincadeira, achou este o meio mais fácil de fazer Betina entrar no carro e acabar de uma vez por todas com aquilo.

LÍVIA – Me chamo Maria Bonita – sorriu sarcástica.

ZECA – Maria Bonita é você mesmo?  – estava deslumbrado.

LÍVIA – Sim meu querido, em carne e osso! Mais osso que carne pra ser mais sincera.

ZECA – Sempre fui apaixonado por você, na outra vida não pudemos ficar juntos por causa do Lampião, mas agora… –  levantou-se e ficou face a face com  Lívia –  agora você será só minha! – ariscou um beijo na boca.

LIVIA (afastando-se): Ih meu, sai fora não curto línguas! – espantada.

ZECA – Vai se fazer de difícil? Já fizemos tantas coisas juntos! – pegou na mão de Lívia.

LIVIA – E podemos fazer muito mais, só que não aqui. Vamos comigo para um lugar mais reservado.

Zeca fez cara de sacanagem e acompanhou Lívia que entrou em seu carro. Bruna havia presenciado o dialogo e foi na com seu carro na frente para guiar Lívia até o barracão. 

| CENA 03 |

Dentro do carro Zeca sentia falta de mais algumas mãos para se segurar. Parecia estar se borrando de medo.

ZECA – Que diabo é isso? – assustado.

LÍVIA – Isso é um carro – viu que Zeca estava assustado – Está com medo? – fez alguns zig zags com carro para deixa-lo mais amedrontado.

ZECA– Pare com isso vadia! Senão vou me jogar –  colocou a mão no trinco.

Livia parou o carro. Ao ver que ela havia virado a chave para desligar o carro, ele aproveitou a distração dela e tirou a chave do câmbio.

LIVIA – Para de bobeira e me dá essa chave!

ZECA- Não. Já estamos a sós agora vamos aproveitar.

LIVIA – Aqui não, estamos no meio da rua logo passa alguém e vê! Muito arriscado.

ZECA- Aqui é deserto, ninguém vê! – foi pra cima de Lívia.

Bruna ao ver o carro de Lívia parar, ficou parada também. Resolveu aguardar dentro do carro.

LÍVIA – Sai de cima de mim!

ZECA- Eu quero um beijo seu!

LÍVIA  –Eu não achei minha boca no lixo! E já falei que não curto sapatão!

ZECA-  Vem ser minha potranca! Vou te mostrar do que sou capaz.

LÍVIA –  hahahaha, fiquei curiosa. Do que você é capaz? – provocou.

ZECA – Sente o tamanho da minha peixeira! –  disse colocando  a mão entre as pernas.

LIVIA – Ai não tem peixeira nenhuma, nem faca você tem meu bem! – ironizou.

ZECA- É um jeito de se falar. Pega na minha vara e sente o tamanho!  – pegou a mão de Lívia e levou até sua genitália.

LÍVIA – kkkkkkkkkkk vara? Ai só tem uma rachada. Se contente com isso.

ZECA – Não brinca comigo!

LIVIA – Não to brincando não, olha ai dentro das suas calças. Não tem varinha nenhuma, muito menos varona.

Zeca conferiu seus documentos.

ZECA-  Que porra é essa, me colocaram uma perereca!

LIVIA – hahahaah e faz muito tempo! Você tem mamilos também.

Zeca apalpou em seus mamilos, parecia não acreditar que os possuía.

ZECA- Me sinto desonrado! Que merda.

LIVIA – É foi o que te falei. Não sou sapatão não. Eu curto homem, músculo, pelos e pauzão.

ZECA – Eu tenho tudo isso!

LIVIA – Mas não nesse momento HAHAHAHA

Zeca se jogou em cima de Lívia e começou a simular um sexo com roupa, babava e virava os olhos.

LIVIA – Me solta, socorro!

ZECA- Grita mais cavala! Mulher sofrendo me excita, vai!

Livia empurrou Zeca de volta para o seu banco.

LIVIA – Chega de palhaçada.

ZECA –  Mas eu quero sexo! Sexo, sexo muito sexo!

LÍVIA – Mas eu não transo com mulheres. Já falei!

ZECA- Eu sei mas não sei se consigo outro corpo, tem que ser nesse.

LÍVIA – Vou te levar em um lugar onde eles trocam de corpo, aí você escolhe outro e a gente transa, o que acha?

ZECA  – Perfeito minha pererecuda do sertão! – acariciou seu rosto. 

| CENA 04 |

Já no barracão Zeca estava todo desconfiado, mas não largava a mão de Lívia. Bruna havia ido um pouco mais na frente para falar com a mulher.

MULHER: A Mãe Preta da Salvação já irá atende-las. É muito importante que vocês mantenham a calma.

Bruna chamou Lívia e Zeca. Eles adentraram um quarto pequeno cheio de velas. Uma mulher toda de branco estava sentada na pequena sala, segurava um charuto e estava de cabeça baixa.

MULHER – Mãe Preta, essas são aquele caso que te falei!

ZECA – É vê logo ai o corpo de um macho bengaludo pra mim!

A mulher retirou-se, e a Mãe Preta levantou a cabeça. Deu uma fumada no charuto e fixou  seu olhar nas três. Lívia e Bruna não acreditavam no que viam.

LÍVIA – Axila? – espantada.

MÃE PRETA OU AXILA – Em carne e osso! Hahahahaha

– ERA CILADA BINO! E AGORA?

FIM DO CAPÍTULO.

VEM AÍ   |  JOGO DE FERAS

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