|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 01. CASA ABANDONADA. INTERIOR. NOITE:
Victor continua encarando ela. Marilda sorri. Ele volta a se sentar.
MARILDA – Eu entendi meu lindo. Now. Me conte: qual é o seu plano?
VICTOR – E eu tenho cara de sequestrador que conta os seus planos? Isso é tão burro quanto seria eu revelar quem é o infriltado.
MARILDA – É alguém que eu conheço? A Maria tem se aproximado mais de mim. É ela? O Tales é muito burro pra isso… É ele? Impossível! Laura? Aquele vadia!
VICTOR – É tão burra que só consegue ver aqueles te trairam. Veja os que estão sempre do seu lado.
MARILDA – É o Gael?
Victor sorri e sai.
MARILDA – É o Gael? (grita) Me respondeeeee! Victor! Me respondeeee!
Ela berra.
CENA 02. STOCK-SHOTS. INTERIOR. NOITE-DIA:
Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.
CENA 03. BOATE SEXUS. SALÃO. INTERIOR. DIA:
Laura e Gael sai de um corredor e entram no corredor. Algumas mulheres dançam no palco. Andréia sentada no bar à parte.
LAURA – Muito obrigada por me deixar dormir aqui. Eu não quero voltar pra pensão agora e a casa da Marilda está fora de cogitação.
GAEL – Você pode ficar aqui por quanto tempo quiser e inclusive, se quiser, pode ajudar a Andréia na contabilade.
LAURA – Será um prazer!
Gael chama a Andréia e ela se aproxima.
ANDRÉIA – Você deve ser a tal Laura… A famosa Laura.
LAURA – Ele falou muito de mim?
ANDRÉIA – (imita) Ela é igual a Lúcia, mas ao mesmo tempo não é. A Laura tem alguma coisa especial.
GAEL – (envergonhado) Não confio mais em ti.
ANDRÉIA – Sabe que eu te amo Gaelzinho.
LAURA – Eu e o Gael estavámos conversando e ele perguntou se eu poderia ajudar você na contabilidade e se não for incomodar…
ANDRÉIA – (corta) Você é muito bem-vinda! É foda fazer três coisas ao mesmo tempo: contabilidade, prostituição e ainda a guarda do Zequinha.
LAURA – Eu sabia que te conhecia. É a mãe do Zequinha… E fique sabendo que eu estou do lado do Zequinha: guarda compartilhada é a melhor coisa.
ANDRÉIA – Eu já te amo querida.
Elas saem e o Gael vai atrás.
CENA 04. PENSÃO DA DALVA. SALA. INTERIOR. DIA:
Lúcia está sentada no sofá e o Zequinha surge atrás dela.
LÚCIA – Que susto!
ZEQUINHA – Desculpe.
LÚCIA – Tudo bem. Eu que peço desculpas por ontem. Eu não deveria ter ido embora daquele jeito.
ZEQUINHA – Ele ficou tentando me explicar o lance da Marilda e de vocês duas, mas eu já saquei tudo… Ele já sabe da sua visita?
LÚCIA – Não, ainda não. Eu vou subir.
ZEQUINHA – Fi que aqui… Conosco.
LÚCIA – Eu não posso, preciso se conectar com a minha mãe… Ela pode estar em perigo e eu preciso está lá quando ela voltar.
Ela dá um beijo nele, levanta e sobe as escadas.
CENA 05. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE DO TALES. INTERIOR. DIA:
Tales sai do banheiro enrolado na toalha e encontra a Imaculada sentada na cama.
TALES – Bata na porta, por favor… E se eu estivesse pelado?
IMACULADA – Eu já vi isso aí muitas vezes. Quantas vezes eu te dei banho quando você chegava bebado em casa?
TALES – Ok… Eu não sabia que…
IMACULADA – Você achava que ia parar deitado na cama, limpinho e cheiroso num passe de mágica? Era eu meu querido.
TALES – Nossa.
IMACULADA – Não estou aqui pra isso. Estou aqui pra te dar um conselho: se afaste da Marilda, ela vai te fazer mal.
TALES – E como tem certeza?
IMACULADA – Eu só sei.
Ela levanta e sai.
CENA 06. PENSÃO DA DALVA. CORREDOR. INTERIOR. DIA:
Lúcia bate na porta do quarto do Zeca. Maria se aproxima dela.
LÚCIA – Será que ele ainda não acordou?
MARIA – Eu acho que ele foi no encontro com a Andréia.
LÚCIA – É mesmo… Era hoje… Enfim, tenho que ir pra Mujer.
MARIA – Podemos conversar rapidinho? É sobra o que aconteceu.
LÚCIA – É claro.
MARIA – Eu queria pedir pra você ficar do meu lado, a Marilda vai querer me demitir, mas eu juro que não sabia de vocês e nem do Victor.
LÚCIA – Eu vou fazer o possível, mas a mamãe não vai querer papo comigo por um tempo… Mas eu vou tentar te ajudar.
MARIA – Obrigada.
Maria sorri e a Lúcia sai.
CENA 07. BOATE SEXUS. SALÃO. INTERIOR. DIA:
Andréia está sentada com a Laura, conversando. Zeca se aproxima dela.
ANDRÉIA – Bom dia.
ZECA – Bom dia… Laura?
LAURA – Bom dia Zeca.
ANDRÉIA – Vamos conversar?
ZECA – Pode ser num lugar sem mulheres semi-nuas?
Andréia sorri, levanta e sai. Zeca a segue.
CENA 08. BOATE SEXUS. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA:
Andréia e Zeca entram no escritório e se sentam nas cadeiras.
ZECA – Eu não quero que o Zequinha participe desse ambiente.
ANDRÉIA – Você é o primeiro pai hetéro que não quer que o filho cresça cercado de mulheres gostosas, mas eu te dou razão. Aqui não é lugar pra criança.
ZECA – Então como você pretende morar com ele se sua casa é esse lugar?
ANDRÉIA – Eu não pretendo morar com ele. Eu sempre quis dividir a guarda, mas você não deixa. Eu não quero a guarda completa dele! Eu quero que você participe da vida dele também.
ZECA – Se eu aceitar essa guarda você promete não trazer o Zequinha pra cá?
ANDRÉIA – É claro!
ZECA – Então ótimo. Quando o acordo for assinado ficará claro que você só vai vê-lo nos fins de semana.
ANDRÉIA – O que? Não! Eu disce que quero fazer parte da vida dele. Eu não vou fazer parte da vida dele e se ficar pegando ele somente sábado e domingo. É pouco!
ZECA – O que você quer? O ver todo dia? Nem fudendo!
ANDRÉIA – Não seria todo dia. Iria pegar ele na saída da escola, passear com ele. Depois o deixaria na pensão. Aos sábados nós iriamos aos parques, aos shoppings. Nós iriamos tomar sorvete, comer hamburguer e tomar Coca-Cola.
ZECA – Isso não vai acontecer isso nunca! Ele tem dez anos! Precisa de uma rotina! Não dá pra sair num dia comigo e no outro contigo.
ANDRÉIA – Acordo não feito.
ZECA – Não mesmo.
ANDRÉIA – Já que você não topa eu vou ter que correr atrás da guarda dele.
ZECA – (ri) Você mora num puteiro!
ANDRÉIA – Eu alugo um apartamento, sem problemas. Eu só quero ter o Zequinha comigo. Ao meu lado.
Ele levanta e sai batendo porta. Ela respira fundo e sai.
CENA 09. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA-NOITE:
Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.
CENA 10. CASA ABANDONADA. INTERIOR. NOITE:
Marilda está amarrada a cadeira, dormindo. Victor entra segurando uma banana. Ele a acorda e dá a banana pra ela comer.
VICTOR – Eu te amo tanto Marilda… Você é tão linda!
MARILDA – (ri) Bipolar.
VICTOR – Você gosta de uma banana, né.
MARILDA – Eu posso chupar a sua se quiser.
VICTOR – Seria um prazer.
Ele joga a banana no chão e a solta. Ele abaixa as calças, expondo o seu pênis. Maria começa a chupá-lo. Victor geme. CLOSE em seu rosto. Ele berra.
VICTOR – Você me mordeu filha da puta!
MARILDA – Nunca confie em mim. Nunca!
Ela o chuta e ele cai no chão gemendo de dor. Ela pega a sua arma e aponta pra ele.
MARILDA – Eu deveria ter feito isso a muito tempo.
CENA SE ESCURECE. Ouve-se um tiro.