|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 01. PENSÃO DA DALVA. CORREDOR. INTERIOR. NOITE:
Dalva sobe as escadas e caminha pelo corredor até a sua suíte. Ela a abre a porta com a chave e encontra o cômodo vazio.
DALVA – (berra) Ima! O Ivan sumiu!
IMACULADA – (off) O que? Como?
Dalva fecha a porta e sai correndo.
CENA 02. RUAS DO BAIRRO. INTERIOR. NOITE:
TAKE 01/ Dalva e Imaculada andando pelas ruas do bairro.
TAKE 02/ As duas entrando em bares, e fazendo perguntas aos barman.
TAKE 03/ As duas paradas num calçada. Elas olham pro bar em frente e vêm o Ivan sentado, jogando. Dalva sai correndo e um carro a atropela.
IMACULADA – (berra) Dalvaaaaaaaaa!
Ivan olha pra rua nesse momento e vê a Dalva estirada no chão. Ele corre até ela. Imaculada não o deixa tocar nela.
IMACULADA – (aos prantos) Não toca nela! Você é o culpado por isso! Se algo acontecer… Você tem culpa!
Uma roda de curiosos se forma em volta deles. Imaculada está abraçada ao corpo de Dalva, aos prantos e Ivan as olha, sem reação.
CENA 03. HOSPITAL. SALA DE CIRURGIA. INTERIOR. NOITE:
MUSIC FADE/ os médicos entram com a Dalva deitada na maca. Eles a ligam aos equipamentos. Eles fazem uma massagem cardíaca, sem sucesso. Pegam o desfibrilador e tentam reanimá-la, sem sucesso. Fazem de novo, sem sucesso.
MÉDICO – Hora da morte: nove e meia da noite.
CORTA RÁPIDO PARA/
Imaculada está sentada, mais calma. Ivan anda de um lado pra outro. O médico sai da sala e caminha até eles. Imaculada levanta.
MÉDICO – Eu sinto muito…
IMACULADA – (corta) Não doutor não! Por favor, diz que está errado… Volta e tenta de novo. Eu sei que você pode tentar de novo.
MÉDICO – Eu realmente sinto muito. Nós fizemos de tudo para que ela sobrevivesse, mas a lesão foi fatal.
Imaculada volta a chorar e Ivan tenta acalmá-la. Ela o empurra.
IMACULADA – (chorando) Não toca em mim! Eu tenho nojo de você!
Ela pega a sua bolsa e sai.
CENA 04. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE-DIA:
Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.
CENA 05. PENSÃO DA DALVA. SALA. INTERIOR. DIA:
Imaculada, toda de preto, está sentada no sofá agarrada ao Zequinha. Zeca sai da cozinha com um copo d’água e o entrega a Ima que recusa.
ZECA – Você precisa comer, beber alguma coisa.
IMACULADA – Não, eu não preciso.
ZEQUINHA – A gente não que você mal. É muito ruim perder a Dalva, ela foi uma mãe pra mim, mas ela tá num lugar melhor.
IMACULADA – Eu sei, mas é para eu ter ido primeiro. Eu sou a mais velha!
ZECA – Não diga bobagens.
IMACULADA – Eu estava aqui em todos os momentos da vida dela. Os pais dela vieram de Taubaté com ela quando tinha 5 anos e compraram esse terreno. Eu fui a primeira moradora da pensão, eu tinha 15 anos e brincava com ela. Eu a vi casar. Ela era a minha vida, minha família.
ZECA – A gente sabe disso Ima. E nós também somos sua família.
Ela sorri e abraça os dois.
CENA 06. MANSÃO MEDEIROS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA:
Leandro e Juliano entram na casa carregando as malas. Helena está em pé de abraços abertos e os dois a abraçam.
HELENA – Ai que saudade de vocês!
JULIANO – Holambra foi mara, mas seria muito melhor com você lá.
LEANDRO – É… Foi maravilhosa…
HELENA – (sussurra) Pelo visto nem tanto.
LEANDRO – Eu só estou cansado meu amor. Eu vou me deitar.
Leandro pega sua mala e sobe as escadas. Juliano e Helena sentam no sofá.
HELENA – Me conta tudo! Quero saber das modelos, dos passeios, dos ensaios, de tudo!
Juliano sorri e começa a contar.
CENA 07. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE DA LAURA. INTERIOR. DIA:
Laura e Tales entram no quarto e se sentam na cama.
TALES – Ela não disse muita coisa porque nem ela sabe de tudo. Mas parece que o tal Victor quer se vingar de você e dela.
LÚCIA – Eu não fiz nada. Ele nem falava comigo.
TALES – Mas ela fez algo pra ele e parece que ela está super abalada porque o que ele tem é muito forte.
LÚCIA – O problema não é ele derrubar a Marilda, o problema é ele mexer com a Laura porque todo mundo pensa que ela sou eu.
TALES – Se eu fosse você ligava pra ela agora.
Tales sai e Lúcia pega o celular.
CENA 08. SEDE DA MUJER. SALA DA LÚCIA. INTERIOR. DIA:
Laura entra na sala ao telefone. Ela senta na cadeira já falando.
LAURA – Eu soube da morte da Dalva… Queria tanto dá um abraço em todo mundo e a Ima, como ela está?
LÚCIA – (off) Sofrendo, mas ela ficar bem. Mudando de assunto… A gente precisa trocar novamente.
LAURA – Porque? O que aconteceu?
LÚCIA – (off) O Victor! Ele quer me ferir pra atingir a Marilda e eu não quero que ele te faça mal.
LAURA – O objetivo dessa troca foi te deixar segura. Eu sei me cuidar Lúcia… E não se preocupe, a gente vai trocar em breve.
LÚCIA – (off) Quando?
LAURA – No nosso aniversário.
LÚCIA – (off) Como assim? Me explica tudo.
LAURA – Pessoalmente eu te falo.
Laura desliga e começa a mexer no computador.
CENA 09. SEDE DA MUJER. SALA DA MARILDA. INTERIOR. DIA:
Marilda entra e encontra o Gael sentado. Ela se aproxima e senta na sua cadeira.
GAEL – Me chamou?
MARILDA – Você vai levar alguém na festa da Lúcia?
GAEL – Duas mulheres: a Andréia e uma velha amiga: Tiffany.
MARILDA – Te entrego os convite logo mais. Pode ir.
GAEL – Ah, o Leandro e o Juliano voltaram de Holambra, mas os arquivos estarão aqui amanhã. Dei folga a eles.
MARILDA – Ok. Mais alguma coisa?
GAEL – O aniversário vai ser comemorado no dia que ela nasceu ou no dia que ela chegou?
MARILDA – Ela pediu pra comemorar no dia em que nasceu.
GAEL – Será que a Elvira iria aprovar?
MARILDA – Certamente que não, mas isso não importa… Você a conhecia? Fala dela de uma jeito.
GAEL – Não, mas eu tenho curiosidade sobre ela.
MARILDA – Diga.
GAEL – Como ela morreu?
MARILDA – Ninguém sabe ao certo. Alguns dizem envenenamento e outros dizem ataque cardíaco… Mas se ela foi assassinada nunca vão descobrir quem a matou.
GAEL – Porque?
MARILDA – Ninguém tinha motivo. Ela era amiga de todo mundo e ninguém sabia do dinheiro dela. Ela escondia muito bem.
Gael concorda e sai.
CENA 10. SEDE DA MUJER. SALA DO GAEL. INTERIOR. DIA:
Gael entra já no celular e fica caminhando pela sala.
GAEL – Ela é uma filha da puta! Ela fala da morte da Elvira como se fosse uma coisa muito normal. Eu estou te dizendo: ela é a assassina!
ANDRÉIA – (off) Tenha calma Gael. Isso não vai ajudar em nada.
GAEL – Eu sei, mas… Enfim e você? A audiência é amanhã?
ANDRÉIA – (off) É sim… A gente conversa mais tarde, aqui fica uma loucura quando você não tá. Tchau.
Ele desliga e respira fundo, e sai.
CENA 11. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA-NOITE:
Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.
CENA 12. PENSÃO DA DALVA. FUNDOS. INTERIOR. NOITE:
Imaculada está sentada no chão olhando pras estrelas. Ivan se aproxima e senta do lado dela.
IVAN – Você está certa, Ima. Eu sou o culpado da morte dela. Eu não deveria fugir, eu não deveria voltar a jogar.
IMACULADA – Desculpe, eu não queria ter ofendido. Eu estava puta!
IVAN – Tudo bem… É só pra avisar que eu vou embora depois do enterro. Eu vou me internar.
IMACULADA – Você faz bem. Era o que ela queria.
IVAN – Eu sei… E depois que eu for, a pensão é sua. Eu vou passar tudo pro seu nome.
IMACULADA – Obrigada.
IVAN – Eu quero te pedir um favor: quando for lembrar de mim, lembre do Ivan que ajudava em casa e não desse Ivan.
IMACULADA – Eu lembrarei.
Eles se abraçam e Ivan levanta e sai.
CENA 13. MANSÃO MEDEIROS. SUÍTE DO CASAL. INTERIOR. NOITE:
Helena está no banheiro, se maquiando. Juliano entra e se aproxima dela.
JULIANO – Está linda, como sempre.
HELENA – Quase linda, duas unhas quebraram.
JULIANO – Eu tenho unha postiça pras modelos, depois do jantar eu arrumo isso.
Juliano pega a mão dela e vê as unhas quebradas. Helena o beija e Juliano se afasta. Eles se encaram.
CENA 14. SEDE DA MUJER. SALA DO GAEL. INTERIOR. NOITE:
Gael pega suas coisas e quando ia sair, a Laura entra.
GAEL – Eu estou de saída Lúcia.
LAURA – Só preciso de cinco minutos do seu tempo.
GAEL – Rápido.
Laura e Gael se sentam.
LAURA – Eu preciso da sua ajuda e pra começo de conversa: não me chame de Lúcia… O meu nome é Laura!
Gael a encara assustado.