Linha de Sangue | Capítulo 16

Linha de Sangue_AATV

|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

CENA 01. PENSÃO DA DALVA. SALA. INTERIOR. DIA:

Imaculada, Dalva, Ivan, Zeca e Zequinha comem vendo tv. Maria e Tales à parte. Batem na porta. Zequinha vai atender segurando o prato de comida. É a Lúcia.

ZEQUINHA – Laura?!

LÚCIA – Eu estou de volta.

ZEQUINHA – Eu sabia que você estava viva. Eu sabia!

Dalva levanta e se aproxima do Zequinha.

DALVA – Entra e nos explica bem toda essa história. A gente ficou muito preocupado com o seu sumiço. Não encontramos o corpo e…

LÚCIA – Eu soube da história, dona Dalva.

Dalva e Zequinha se afastam. Lúcia entra e os três se sentam. Ivan dá um abraço da Lúcia e um beijo da Dalva. E sai.

DALVA – Eu já mandei você parar de me chamar de dona. E conte logo essa história porque estamos morrendo de curiosidade.

LÚCIA – Eu estava no Parque com o Zeca e ele foi comprar água. Um homem apareceu ao meu lado com um arma e disse para eu ir andando. Eu fui. Ele ia me… (pausa), mas ele ouviu um grito e foi embora.

ZECA – Eu andei tudo, Laura. E eu não encontrei sinal nenhum de homem ou sua. O que aconteceu?

LÚCIA – Eu sai andando, não conhecia o Parque. Fiquei confusa. Eu pedi ajuda pra um senhor e ele me levou pro lado de fora, e nenhum táxi parava. Eu fui andando, andando até achar um hotel e acabei ficando por lá.

DALVA – E porque você não pegou um táxi e voltou? Nós morremos de preocupação! Fizemos até um enterro.

LÚCIA – Eu sei, eu sei. E eu peço desculpas, mas eu fiquei tão envergonhada e… Mil desculpas, mas eu não sabia como agir e eu só tomei coragem de vir porque eu soube do enterro.

ZECA – Você está perdoada, mas só não faça isso direito. Agora temos um monte de papelada pra dizer que você não está morta.

LÚCIA – Desculpa mesmo, gente.

Dalva, Zeca e Zequinha levantam e a abraçam. Maria e Tales se entreolham à parte. Imaculada encara a Lúcia.

CENA 02. BAR. INTERIOR. DIA:

Ivan entra no bar e se senta em frente a um homem de estatura mediana, branco e com cabelos grandes.

IVAN – O que você quer, Carlos?

CARLOS – Você está devendo, meu amigo. E disse pra nós que iria conseguir o dinheiro. Cadê?

IVAN – Eu ainda não tive tempo de vender, quer dizer, eu ia vender ontem. Mas, o cara desmarcou.

CARLOS – Vender o que, Ivan?

IVAN – Uma aliança de ouro, a aliança da minha mulher. Eu vou vender ainda hoje e te dou o dinheiro.

CARLOS – Porra nenhuma! Eu quero a aliança e eu vou vendê-la. Ah e dê um beijo na sua mulher, coitada dela… Ela não te merece!

Ivan entrega a aliança e sai. Carlos pega e a encara, rindo.

CENA 03. SEDE DA MUJER. SALA DA MARILDA. INTERIOR. DIA:

Laura e Marilda estão sentadas lado a lado. Marilda segura um livro de fotografia e as mostras pra Laura.

MARILDA – Sua festa vai ser maravilhosa, filha. São 19 anos, uma idade super especial! Pensei em cavalos, o que acha?

LAURA – Eu não quero cavalos, penas de faisão e nem nada disso. Eu nem quero comemorar nesse dia.

MARILDA – Como assim, Lúcia? Esse é o seu aniversário!

LAURA – Esse é o aniversário que a Elvira criou. Eu nasci antes e quero comemorar no dia certo, mãe.

MARILDA – O seu pedido é uma ordem, filha. Eu vou ver as coisas com a minha secretária e depois lhe falo. Agora eu preciso lhe dá com duas coisas: a demissão da Helena e a viagem pra Holambra.

LAURA – Pensa bem nisso da Helena. Nós não precisamos de um processo agora, mãe. Não acho certo demiti-la.

MARILDA – Corrigindo: não vou demitir, eu vou afastá-la por invalidez. Eu não quero uma mulher careca e doente numa revista que fala sobre moda, beleza e saúde.

LAURA – Existem modelos carecas, mãe.

MARILDA – Mas elas não estão morrendo.

Laura levanta e Gael entra na sala. Eles se entreolham. Gael entrega um cartaz pra Marilda e ela sorri.

GAEL – Está ai o cronograma pra Holambra. Você está diferente, Lúcia. Mas iluminada, eu acho.

Ela sorri e sai. Gael vai atrás.

CENA 04. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE DO TALES. INTERIOR. DIA:

Maria e Tales entram no quarto. A primeira senta na cama e encara o Tales. Ele senta ao seu lado.

MARIA – Que merda você fez? Ela deveria ter sumido, Tales. A Marilda vai te destruir, vai pôr você na cadeia.

TALES – Se eu for, ela também vai. Não se esqueça que nós temos provas contra ela, nós não destruímos aquela gravação.

MARIA – E nem ela, a filmagem. O importante agora é ter certeza que a Laura não vai ir atrás da Marilda de novo.

Tales concorda e deita na cama. Maria idem.

CENA 05. BOATE SEXUS. SALÃO. INTERIOR. DIA:

Andréia está sentada no palco ao lado de uma stripper. Zeca entra e caminha até ela. A garota sai e ele senta ao seu lado.

ZECA – É trabalhando aqui que você pretende conseguir respeito?

ANDRÉIA – Eu não faço programa, Zeca. Eu trabalho na contabilidade.

ZECA – Eu vim aqui para lhe avisar pra ficar longe do meu filho. Ou eu vou entrar com um processo.

ANDRÉIA – Que ótimo você dizer a palavra processo, porque é essa a minha ideia. Eu tenho direitos Zé! Ele é o meu filho!

ZECA – (ri) Depois de 10 anos sumida você quer pagar de mãe. Enquanto você estava no bem-bom com o espanhol, não liga pra sua mãe e nem pro seu filho.

ANDRÉIA – Eu errei e sei disso. Eu só quero recomeçar, por favor. Deixa eu ver o meu filho.

ZECA – Não.

ANDRÉIA – Ótimo, eu vou entrar com o processo de guarda.

ZECA – Que bom. Boa sorte, Andréia.

CENA 06. SEDE DA MUJER. CORREDOR. INTERIOR. DIA:

Helena sai do elevador e caminha até a secretária da Marilda. Nesse momento, Marilda sai da sala.

MARILDA – Eu vou ser breve, Helena: decidi afastar você por invalidez.

HELENA – Por favor, não faz isso. Eu quero tanto continuar trabalhando.

MARILDA – Eu sinto muito, Heleninha. Mas eu não quero que você fique desmaiando pelos corredores da minha revista.

HELENA – Eu não tenho tido desmaios, Marilda. Por favor, não me afaste. Eu preciso me manter ocupada.

MARILDA – Eu sinto muito, fofa. Mas eu preciso me precaver e isso é pro seu bem também. Por favor, pegue suas coisas e se retire.

HELENA – Por favor…

MARILDA – (corta) Nem comece a chorar! Ódio dessas pessoas que começam a chorar por nada. E quer se manter ocupada? Escreva um livro autobiográfico. É ótimo pra pessoas prestes a morrer e está na moda.

Ela manda um beijo e entra na sala de novo. Helena começa a chorar e sai correndo. A secretária vai atrás.

CENA 07. SEDE DA MUJER. PÁTIO. INTERIOR. DIA:

Helena sai do elevador e caminha até o Leandro que conversava com o Juliano. Ela chora.

LEANDRO – Nós precisamos conversar sobre Holambra e (pausa) O que aconteceu, Helena? Você está péssima.

HELENA – (chorosa) Ela me afastou! Ela disse que eu iria desmaiar nos corredores. Mas eu não tenho desmaiado.

LEANDRO – Eu sei, meu amor. Isso não vai ficar assim, Helena. Nós vamos conversar com ela, ela vai voltar atrás.

JULIANO – Direito do trabalhador, Helena.

HELENA – (chorosa) Nenhum Juiz vai ficar do meu lado. Quer dizer, eu estou doente. Estou fraca e posso desmaiar, sangrar ou qualquer outra coisa nesse período.

JULIANO – Não vamos deixar você ficar parada.

LEANDRO – Vem pra Holambra com a gente.

HELENA – Não dá. Eu preciso fazer a fisioterapia, preciso ficar aqui. E obrigada gente… Vocês são ótimos!

JULIANO – Eu sei, eu sei.

Os três se abraçam, emocionados.

CENA 08. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE MARTINS. INTERIOR. DIA:

Dalva entra no quarto com a Imaculada. Elas começam a olhar o chão e procurando no chão do quarto.

DALVA – Eu perdi essa aliança e o Ivan ainda não reparou. Mas ele vai perceber e vai dá merda.

IMACULADA – Eu já disse que essa aliança não está aqui.

DALVA – Para de ser pessimista.

IMACULADA – Eu sei que não está aqui, não está nem nessa pensão.

DALVA – Será? Será que eu perdi na rua? Puta que pariu! Ele vai me matar e com razão. Como eu fui perder isso?

Ela senta na cama e Imaculada também. Dalva pega a calça do Ivan e pega uma nota de cem do bolso.

IMACULADA – Onde ele arranjou esse dinheiro?

DALVA – Eu acho que tenho o meu palpite e se eu tiver certa, eu não tenho culpa do sumiço do anel.

Elas se entreolham.

CENA 09. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA-NOITE:

Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.

CENA 10. BOATE SEXUS. ESCRITÓRIO. INTERIOR. NOITE:

Gael entra no escritório e Andréia entra atrás. Ele se senta na sua cadeira de couro e ela permanece em pé.

GAEL – Boa noite, Carlota.

ANDRÉIA – Isso já faz semanas! O assunto é sério, Gael: ele veio aqui hoje e me pediu pra ficar longe do Zequinha. E eu recusei e ainda disse que iria pedir a guarda dele.

GAEL – Nem fale, deixe-me dizer: você precisa de dinheiro e o seu trabalho de Irina não dá pra pagar. (sorri) Finalmente você se rendeu.

ANDRÉIA – Eu topo fazer programa, mas eu vou escolher os caras e não pense que não quero continuar a fazer a contabilidade. Ser prostituta é temporário.

GAEL – Trato feito, Ashley.

ANDRÉIA – Adorei esse nome.

Ela aperta a mão do Gael e sai.

CENA 11. MANSÃO MEDEIROS. SUÍTE DO CASAL. INTERIOR. NOITE:

Bed of Lies – Nicki Minaj feat. Skylar Grey

Helena está deitada na cama, mexendo no celular. Juliano entra e senta ao seu lado. Ele pega na mão dele e ela encosta no ombro dele.

HELENA – Eu achava que você não prestava e que iria fazer algo de mal pra mim. Mas acho que estou errada.

JULIANO – Ou talvez esteja certa e eu seja um assassino, mas você só vai saber quando eu matar você e o Leandro.

HELENA – (ri) Precisamos marcar o nosso shopping.

JULIANO – Já está marcado: amanhã depois do café.

Eles se abraçam e a CÂM mostra o Leandro olhando os dois, sério.

CENA 12. PENSÃO DA DALVA. CORREDOR. INTERIOR. NOITE:

Sonoplastia continua

Zeca caminha pelo corredor e para em frente ao quarto da Lúcia. Ele bate na porta e ela abre. Eles sorriem.

ZECA – Eu só passei pra dá boa noite.

LÚCIA – Boa noite.

ZECA – Na verdade não foi só isso. Eu passei pra perguntar uma coisa: você poderia dar uma outra chance pra nós?

FIM DO CAPÍTULO

| Linha de Sangue – Seg à Sex – 21h15 

18s17s

 

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