Linha de Sangue | Capítulo 15

Linha de Sangue_AATV

|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

CENA 01. HOTEL. EXTERIOR. NOITE:

Lúcia salta do carro e olha pros cantos, e não acha a Imaculada. Ela encosta no carro e pega o celular. Laura surge atrás dela.

LAURA – Lúcia?!

Lúcia olha pra trás e vê a irmã. Tensão. Lúcia chora e se aproxima da mesma.

LÚCIA – Laura?!

Elas se abraçam. Lúcia aos prantos. Imaculada aparece na escada e olha as duas.

IMACULADA – Vamos entrar, meninas.

CENA 02. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE:

Lúcia, Laura e Imaculada já sentadas na cama. Conversa já iniciada.

LÚCIA – Eu não consigo entender esse plano. Isso não faz sentido!

LAURA – Eu também fiquei surpresa, Lúcia. A Marilda realmente armou tudo isso. Ela contratou o Tales pra me matar.

LÚCIA – Ela é fria, eu sei. Mas mandar matar alguém? E ainda a minha irmã… Irmã da pessoa que ela ama. Não faz sentido!

IMACULADA – Ela ama o seu dinheiro, Lúcia. A Marilda não é capaz de amar alguém além dela…

LAURA – Agora eu preciso que vocês me escutam: eu não posso deixar a Marilda fazer mal a você. Eu prometi a nossa mãe e pra isso, eu preciso lhe manter em segurança.

LÚCIA – Você não é o Super-Homem, Laura. E eu sei me cuidar e agora que comecei a trabalhar na revista, eu não posso parar.

LAURA – É pro seu próprio bem. Você vai trocar de lugar comigo! Eu até cortei o cabelo pra ficar mais parecida com você.

LÚCIA – E como isso vai me proteger?

LAURA – Eu fico na revista, vigio a Marilda e armo um jeito de pôr ela na cadeia. E enquanto isso você fica na vila, ajudando a Imaculada nos afazeres da casa. Ela vai te proteger.

LÚCIA – Eu não sei…

IMACULADA – Você precisa escolher entre viver no Céu ou no Inferno e eu nem preciso dizer qual é a escolha sensata.

LÚCIA – Mesmo achando essa ideia louca, eu topo. Mas eu quero ter certeza que ninguém vai fazer nada pra você.

LAURA – Além da Imaculada, o Tales está do nosso lado. E eu acredito que a Marilda não vá fazer nada a você.

Laura estende a mão e Lúcia a aperta. Elas se abraçam e Imaculada sorri.

CENA 03. MANSÃO MEDEIROS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE:

Leandro está sentado vendo fotos de várias modelos no tablet. Helena entra e Leandro levanta.

LEANDRO – Preciso que veja as fotos que tirei das modelos e me ajude a escolher as principais da edição da semana que vem.

HELENA – Agora não, Leo.

Ela sobe a escada correndo. Leandro bufa, deixa o tablet no sofá e sobe a escada.

CENA 04. MANSÃO MEDEIROS. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE:

Helena no banheiro do quarto. Ela chora frente ao espelho. Leandro entra e fica no quarto, encarando ela.

LEANDRO – O que aconteceu?

HELENA – A quimio começou a fazer o trabalho dela. Os meus cabelos já estavam caindo, mas agora é oficial: eu vou ficar careca em poucos dias.

LEANDRO – Cabelo cresce de novo. O importante é você ficar boa.

HELENA – Você não entende! Eu preciso me sentir bonita. Eu tenho que ser bonita! A Marilda vai me pôr de licença médica e eu vou ficar em casa, sem fazer porra nenhuma.

LEANDRO – Ela sabe que você está com Câncer e até agora isso não aconteceu. Ela não vai fazer nada;

HELENA – Ela ainda não fez porque eu não pareço ter Câncer, mas assim que ficar careca… Eu vou ficar feia e ela vai me pôr em casa.

LEANDRO – E o que você quer que eu faça?

HELENA – Me dê apoio porra!

LEANDRO – Eu já lhe dou apoio. Eu tento de animar, tento te levar pra sair. Mas você gosta da rotina: trabalho, casa, trabalho, casa.

HELENA – Vá se foder!

LEANDRO – Vá se foder você, Helena!

Ela limpa as lágrimas e o abraça. Ela o beija na boca e ele a afasta.

LEANDRO – Eu tô começando a achar que tudo isso está fazendo você ficar louca. Qual é o seu problema?

HELENA – Você quer saber qual é o meu problema? Eu vou te mostrar o meu problema.

Ela entra no banheiro, abre a gaveta e pega uma máquina de cortar cabelo. Ela a liga e começa a raspar o seu cabelo.

HELENA – (enquanto raspa) Esse é o meu problema!

Ela continua a raspar e todos os fios vão caindo no chão. Ela termina e passa a mão na cabeça raspada.

LEANDRO – (choroso) Você está completamente louca!

Ele sai andando e ela volta pro quarto.

HELENA – (grita) Marque um encontro com o Juliano: eu quero conhece-lo melhor. Talvez, eu possa ser a cúpida de vocês.

Ela sorri e volta pro banheiro e fecha a porta.

CENA 05. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE MARTINS. INTERIOR. NOITE:

Barulho de água vindo do banheiro. Ivan entra na suíte e senta na cama. Ele vê que a aliança da Dalva está na cama.

DALVA – (off, grita) Ivan?!

IVAN – Oi amor. Eu vim pegar uma coisinha aqui.

DALVA – (off, alto) Sabe se o Juliano já chegou?

IVAN – Já chegou e está na garagem, quer dizer, no quarto dele. Eu já vou meu amor. Eu vou me encontrar com um amigo.

DALVA – (off, alto) Vá com Deus e por favor Ivan, não faça merda.

IVAN – Confie em mim.

Ele pega a aliança e sai.

CENA 06. PENSÃO DA DALVA. SALA. INTERIOR. NOITE:

Zequinha sentado no sofá, mexendo no notebook. Zeca e Ivan descem a escada. O primeiro se aproxima do filho e o último sai. Maria à parte.

ZECA – Está tão calado desde que chegamos.

ZEQUINHA – Eu quero porque ela não fala comigo. Eu quero saber porque eu não posso ter uma mãe.

ZECA – Porque aquela mulher nos trocou por dinheiro. Ela preciso deixar você sem uma mãe e curtir a vida dela com alguém mais rico.

ZEQUINHA – Ela errou pai! Ela errou assim como qualquer outra pessoa no mundo. E ela é a minha mãe, eu preciso de uma mãe.

ZECA – E você tem várias mães: a Dalva, a Imaculada e Maria.

ZEQUINHA – Eu quero uma mãe de verdade!

ZECA – Mãe é quem cria e não quem faz.

ZEQUINHA – Isso não faz sentido, pai.

Zequinha fecha o notebook e levanta. Zeca o segura.

ZECA – Você está proibido de falar com ela de novo. Eu ainda não fiz nada pra impedi-la, mas se ela se aproximar novamente, eu vou fazer.

ZEQUINHA – Você é mau, pai.

Ele sai correndo e Maria vai atrás. Zeca encara o nada, triste.

CENA 07. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE-DIA:

Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.

CENA 08. SEDE DA MUJER. SALA DA MARILDA. INTERIOR. DIA:

Marilda e Gael entram na sala. A primeira senta-se em sua cadeira, frente ao computador. O segundo fica em pé.

MARILDA – Então está tudo certo para a edição da semana que vem. Agora precisamos mandar alguém a Holambra, é o Festival das Flores.

GAEL – Manda o novato e o Leandro pra supervisionar.

MARILDA – Ótima ideia. Manda a minha secretária avisá-los. Está livre para voltar a sua boate.

GAEL – Não tem nada pra fazer lá. E antes que me esqueça: o que vai fazer no aniversário da Lúcia?

MARILDA – A gente não sabe se ela faz aniversário nesse dia. Como você sabe, ela foi achada no Rio, mas a Elvira gostava de comemorar.

GAEL – Mas é importante manter a alma da Elvira viva, já que ela criou a Lúcia e fazer aniversário é muito bom.

MARILDA – Você diz isso porque ainda é novo. Quando chegar na minha idade, a gente conversa.

GAEL – (ri) Eu sei que você não gosta disso, mas eu preciso perguntar: como ela morreu?

MARILDA – Ataque cardíaco. Ela já era velha, coitada.

Gael assente e sai. Marilda retira o sorriso do rosto e fica pensativa.

CENA 09. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA:

Juliano e Leandro sentados frente a frente. Conversa já iniciada. Ao fundo, Helena entra no restaurante.

JULIANO – Eu nunca tinha saído de Taubaté e quando saio, eu tenho que voltar pro interior.

LEANDRO – (ri) Pensa pelo lado bom: Holambra é bem longe de Taubaté. A gente tem que ir o mais rápido possível. Precisamos pegar uma época boa do Festival.

JULIANO – É só ir nos primeiros dias. Helena chegou.

Leandro olha pra trás e vê. Helena se aproxima (usando um lenço na cabeça) deles e senta ao lado do Leandro. Ela sorri e cumprimenta o Juliano.

HELENA – Finalmente nos conheceremos bem.

JULIANO – Eu não sabia que já estava fazendo a quimio.

HELENA – Parece que Ele quer que eu morra logo.

JULIANO – Não diga isso de d’Ele.

LEANDRO – Não liga pra esses comentários sem sentidos. Ela tá ficando louca!

Juliano encara o Leandro. Helena chama o garçom e ele se aproxima.

CENA 10. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE MARTINS. INTERIOR. DIA:

Dalva de quatro no chão, ela procura algo de baixo da cama. Ela levanta e olha pro chão, preocupada.

DALVA – Não é possível que essa merda tenha sumido! O Ivan vai me matar. Merda! Merda!

IMACULADA (off, grita) – Dalva! O almoço está pronto!

Dalva bufa e sai, batendo porta.

CENA 11. SEDE DA MUJER. CORREDOR. INTERIOR. DIA:

Marilda está falando com a secretária, brava. Laura sai do elevador e se aproxima. Marilda a encara.

MARILDA – (a secretária) Resolva isso. Eu não quero uma mulher morta trabalhando pra mim. Demita-a se for preciso.

SECRETÁRIA – Não podemos demitir a Helena porque ela está com Câncer. Isso poderia gerar uma processo e nós perderíamos.

MARILDA – Dê um jeito! (a Laura) Você está tão diferente… Já sei: maquiagem nova. Gostei.

LAURA – Gostou? Que bom.

MARILDA – Mudar é bom e ver você feliz é ainda melhor. Agora vem, precisamos planejar o seu aniversário.

Marilda entra na sua sala e Laura vai atrás.

CENA 12. PENSÃO MARTINS. SALA. INTERIOR. DIA:

Imaculada, Dalva, Ivan, Zeca e Zequinha comem vendo tv. Maria e Tales à parte. Batem na porta. Zequinha vai atender segurando o prato de comida. É a Lúcia.

ZEQUINHA – Laura?!

LÚCIA – Eu estou de volta.

CLOSES ALTERNADOS em todos os presentes.

FIM DO CAPÍTULO

| Linha de Sangue – Seg à Sex – 21h15 

18s17s

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