|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 01. HOTEL. EXTERIOR. NOITE:
Lúcia salta do carro e olha pros cantos, e não acha a Imaculada. Ela encosta no carro e pega o celular. Laura surge atrás dela.
LAURA – Lúcia?!
Lúcia olha pra trás e vê a irmã. Tensão. Lúcia chora e se aproxima da mesma.
LÚCIA – Laura?!
Elas se abraçam. Lúcia aos prantos. Imaculada aparece na escada e olha as duas.
IMACULADA – Vamos entrar, meninas.
CENA 02. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE:
Lúcia, Laura e Imaculada já sentadas na cama. Conversa já iniciada.
LÚCIA – Eu não consigo entender esse plano. Isso não faz sentido!
LAURA – Eu também fiquei surpresa, Lúcia. A Marilda realmente armou tudo isso. Ela contratou o Tales pra me matar.
LÚCIA – Ela é fria, eu sei. Mas mandar matar alguém? E ainda a minha irmã… Irmã da pessoa que ela ama. Não faz sentido!
IMACULADA – Ela ama o seu dinheiro, Lúcia. A Marilda não é capaz de amar alguém além dela…
LAURA – Agora eu preciso que vocês me escutam: eu não posso deixar a Marilda fazer mal a você. Eu prometi a nossa mãe e pra isso, eu preciso lhe manter em segurança.
LÚCIA – Você não é o Super-Homem, Laura. E eu sei me cuidar e agora que comecei a trabalhar na revista, eu não posso parar.
LAURA – É pro seu próprio bem. Você vai trocar de lugar comigo! Eu até cortei o cabelo pra ficar mais parecida com você.
LÚCIA – E como isso vai me proteger?
LAURA – Eu fico na revista, vigio a Marilda e armo um jeito de pôr ela na cadeia. E enquanto isso você fica na vila, ajudando a Imaculada nos afazeres da casa. Ela vai te proteger.
LÚCIA – Eu não sei…
IMACULADA – Você precisa escolher entre viver no Céu ou no Inferno e eu nem preciso dizer qual é a escolha sensata.
LÚCIA – Mesmo achando essa ideia louca, eu topo. Mas eu quero ter certeza que ninguém vai fazer nada pra você.
LAURA – Além da Imaculada, o Tales está do nosso lado. E eu acredito que a Marilda não vá fazer nada a você.
Laura estende a mão e Lúcia a aperta. Elas se abraçam e Imaculada sorri.
CENA 03. MANSÃO MEDEIROS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE:
Leandro está sentado vendo fotos de várias modelos no tablet. Helena entra e Leandro levanta.
LEANDRO – Preciso que veja as fotos que tirei das modelos e me ajude a escolher as principais da edição da semana que vem.
HELENA – Agora não, Leo.
Ela sobe a escada correndo. Leandro bufa, deixa o tablet no sofá e sobe a escada.
CENA 04. MANSÃO MEDEIROS. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. NOITE:
Helena no banheiro do quarto. Ela chora frente ao espelho. Leandro entra e fica no quarto, encarando ela.
LEANDRO – O que aconteceu?
HELENA – A quimio começou a fazer o trabalho dela. Os meus cabelos já estavam caindo, mas agora é oficial: eu vou ficar careca em poucos dias.
LEANDRO – Cabelo cresce de novo. O importante é você ficar boa.
HELENA – Você não entende! Eu preciso me sentir bonita. Eu tenho que ser bonita! A Marilda vai me pôr de licença médica e eu vou ficar em casa, sem fazer porra nenhuma.
LEANDRO – Ela sabe que você está com Câncer e até agora isso não aconteceu. Ela não vai fazer nada;
HELENA – Ela ainda não fez porque eu não pareço ter Câncer, mas assim que ficar careca… Eu vou ficar feia e ela vai me pôr em casa.
LEANDRO – E o que você quer que eu faça?
HELENA – Me dê apoio porra!
LEANDRO – Eu já lhe dou apoio. Eu tento de animar, tento te levar pra sair. Mas você gosta da rotina: trabalho, casa, trabalho, casa.
HELENA – Vá se foder!
LEANDRO – Vá se foder você, Helena!
Ela limpa as lágrimas e o abraça. Ela o beija na boca e ele a afasta.
LEANDRO – Eu tô começando a achar que tudo isso está fazendo você ficar louca. Qual é o seu problema?
HELENA – Você quer saber qual é o meu problema? Eu vou te mostrar o meu problema.
Ela entra no banheiro, abre a gaveta e pega uma máquina de cortar cabelo. Ela a liga e começa a raspar o seu cabelo.
HELENA – (enquanto raspa) Esse é o meu problema!
Ela continua a raspar e todos os fios vão caindo no chão. Ela termina e passa a mão na cabeça raspada.
LEANDRO – (choroso) Você está completamente louca!
Ele sai andando e ela volta pro quarto.
HELENA – (grita) Marque um encontro com o Juliano: eu quero conhece-lo melhor. Talvez, eu possa ser a cúpida de vocês.
Ela sorri e volta pro banheiro e fecha a porta.
CENA 05. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE MARTINS. INTERIOR. NOITE:
Barulho de água vindo do banheiro. Ivan entra na suíte e senta na cama. Ele vê que a aliança da Dalva está na cama.
DALVA – (off, grita) Ivan?!
IVAN – Oi amor. Eu vim pegar uma coisinha aqui.
DALVA – (off, alto) Sabe se o Juliano já chegou?
IVAN – Já chegou e está na garagem, quer dizer, no quarto dele. Eu já vou meu amor. Eu vou me encontrar com um amigo.
DALVA – (off, alto) Vá com Deus e por favor Ivan, não faça merda.
IVAN – Confie em mim.
Ele pega a aliança e sai.
CENA 06. PENSÃO DA DALVA. SALA. INTERIOR. NOITE:
Zequinha sentado no sofá, mexendo no notebook. Zeca e Ivan descem a escada. O primeiro se aproxima do filho e o último sai. Maria à parte.
ZECA – Está tão calado desde que chegamos.
ZEQUINHA – Eu quero porque ela não fala comigo. Eu quero saber porque eu não posso ter uma mãe.
ZECA – Porque aquela mulher nos trocou por dinheiro. Ela preciso deixar você sem uma mãe e curtir a vida dela com alguém mais rico.
ZEQUINHA – Ela errou pai! Ela errou assim como qualquer outra pessoa no mundo. E ela é a minha mãe, eu preciso de uma mãe.
ZECA – E você tem várias mães: a Dalva, a Imaculada e Maria.
ZEQUINHA – Eu quero uma mãe de verdade!
ZECA – Mãe é quem cria e não quem faz.
ZEQUINHA – Isso não faz sentido, pai.
Zequinha fecha o notebook e levanta. Zeca o segura.
ZECA – Você está proibido de falar com ela de novo. Eu ainda não fiz nada pra impedi-la, mas se ela se aproximar novamente, eu vou fazer.
ZEQUINHA – Você é mau, pai.
Ele sai correndo e Maria vai atrás. Zeca encara o nada, triste.
CENA 07. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. NOITE-DIA:
Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.
CENA 08. SEDE DA MUJER. SALA DA MARILDA. INTERIOR. DIA:
Marilda e Gael entram na sala. A primeira senta-se em sua cadeira, frente ao computador. O segundo fica em pé.
MARILDA – Então está tudo certo para a edição da semana que vem. Agora precisamos mandar alguém a Holambra, é o Festival das Flores.
GAEL – Manda o novato e o Leandro pra supervisionar.
MARILDA – Ótima ideia. Manda a minha secretária avisá-los. Está livre para voltar a sua boate.
GAEL – Não tem nada pra fazer lá. E antes que me esqueça: o que vai fazer no aniversário da Lúcia?
MARILDA – A gente não sabe se ela faz aniversário nesse dia. Como você sabe, ela foi achada no Rio, mas a Elvira gostava de comemorar.
GAEL – Mas é importante manter a alma da Elvira viva, já que ela criou a Lúcia e fazer aniversário é muito bom.
MARILDA – Você diz isso porque ainda é novo. Quando chegar na minha idade, a gente conversa.
GAEL – (ri) Eu sei que você não gosta disso, mas eu preciso perguntar: como ela morreu?
MARILDA – Ataque cardíaco. Ela já era velha, coitada.
Gael assente e sai. Marilda retira o sorriso do rosto e fica pensativa.
CENA 09. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA:
Juliano e Leandro sentados frente a frente. Conversa já iniciada. Ao fundo, Helena entra no restaurante.
JULIANO – Eu nunca tinha saído de Taubaté e quando saio, eu tenho que voltar pro interior.
LEANDRO – (ri) Pensa pelo lado bom: Holambra é bem longe de Taubaté. A gente tem que ir o mais rápido possível. Precisamos pegar uma época boa do Festival.
JULIANO – É só ir nos primeiros dias. Helena chegou.
Leandro olha pra trás e vê. Helena se aproxima (usando um lenço na cabeça) deles e senta ao lado do Leandro. Ela sorri e cumprimenta o Juliano.
HELENA – Finalmente nos conheceremos bem.
JULIANO – Eu não sabia que já estava fazendo a quimio.
HELENA – Parece que Ele quer que eu morra logo.
JULIANO – Não diga isso de d’Ele.
LEANDRO – Não liga pra esses comentários sem sentidos. Ela tá ficando louca!
Juliano encara o Leandro. Helena chama o garçom e ele se aproxima.
CENA 10. PENSÃO DA DALVA. SUÍTE MARTINS. INTERIOR. DIA:
Dalva de quatro no chão, ela procura algo de baixo da cama. Ela levanta e olha pro chão, preocupada.
DALVA – Não é possível que essa merda tenha sumido! O Ivan vai me matar. Merda! Merda!
IMACULADA (off, grita) – Dalva! O almoço está pronto!
Dalva bufa e sai, batendo porta.
CENA 11. SEDE DA MUJER. CORREDOR. INTERIOR. DIA:
Marilda está falando com a secretária, brava. Laura sai do elevador e se aproxima. Marilda a encara.
MARILDA – (a secretária) Resolva isso. Eu não quero uma mulher morta trabalhando pra mim. Demita-a se for preciso.
SECRETÁRIA – Não podemos demitir a Helena porque ela está com Câncer. Isso poderia gerar uma processo e nós perderíamos.
MARILDA – Dê um jeito! (a Laura) Você está tão diferente… Já sei: maquiagem nova. Gostei.
LAURA – Gostou? Que bom.
MARILDA – Mudar é bom e ver você feliz é ainda melhor. Agora vem, precisamos planejar o seu aniversário.
Marilda entra na sua sala e Laura vai atrás.
CENA 12. PENSÃO MARTINS. SALA. INTERIOR. DIA:
Imaculada, Dalva, Ivan, Zeca e Zequinha comem vendo tv. Maria e Tales à parte. Batem na porta. Zequinha vai atender segurando o prato de comida. É a Lúcia.
ZEQUINHA – Laura?!
LÚCIA – Eu estou de volta.
CLOSES ALTERNADOS em todos os presentes.