Linha de Sangue | Capítulo 14

Linha de Sangue_AATV

|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

CENA 01. SEDE DA MUJER. SALA DA LÚCIA. INTERIOR. DIA:

Legenda: DIAS DEPOIS…

Marilda entra na sala e encontra a filha sentada numa cadeira de couro e mexendo no computador. Marilda se aproxima.

MARILDA – É tão bom ver que está de volta. É tão bom saber que superou a morte da outra.

LÚCIA – A outra tem nome mãe e ela é a minha irmã! (pausa) E ela não morreu, eu sei.

MARILDA – Vai querer discutir com as autoridades? Se disseram que ninguém a viu, que ela virou pó, é porque alguém a botou num saco e a deu pra um jacaré.

LÚCIA – Mãe! Eu odeio quando fala essas coisas… Eu não quero brigar contigo, saía por favor.

MARILDA – Eu já estou indo e saiba que não queria lhe magoar. A mamãe só diz a verdade e você sabe disso.

Ela manda um beijo e sai. Lúcia bufa e volta a se concentrar no computador.

CENA 02. MANSÃO MEDEIROS. SUÍTE PRINCIPAL. INTERIOR. DIA:

Helena está deitada na cama. Leandro entra no quarto e senta ao seu lado.

LEANDRO – Ponha uma toquinha quando for deitar. É muito cabelo pra pouca cama.

HELENA – Desculpe.

LEANDRO – (suspira) Eu só estou tentando fazer piadinhas e você sabe que eu sou péssimo nisso.

HELENA – Ele está voltando e dessa vez é pior. Porra! Eu tô ficando feia de novo e além disso, eu corro o risco de/

LEANDRO – (corta) Cala a boca!

Ele se levanta e sai do quarto batendo porta.

CENA 03. ESTRADA. EXTERIOR. DIA:

Um carro para no acostamento e dele sai um par de pernas femininas. CÂM sobe e mostra a Laura de cabelos curtos, nos ombros. Ela encosta no carro e pega o celular, faz uma ligação e o põe no ouvido.

LAURA – Ima, que saudades.

IMACULADA – (off) Quem é?

LAURA – É a Laura, querida.

IMACULADA – (off) Eu sabia que estava viva. Eu sabia, eu sentia. Onde você está?

LAURA – Agora numa estrada, mas quero que me encontre num hotel que tem aqui perto. Pega o papel e a caneta. E por favor, não comente com ninguém.

IMACULADA – (off) É claro, Laurinha. Nem ao maior confidente: o travesseiro.

Ambas riem. Em off, Laura passa o endereço. Após, se despede e entra no carro. E sai cantando pneu.

CENA 04. BOATE SEXUS. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA:

Gael e Andréia entram e sentam-se lado a lado. Ambos seguram em suas mãos um copo com uísque.

GAEL – Não achas que é cedo demais pra isso?

ANDRÉIA – Sabe o que minha mãe me dizia quando pequena? Ela dizia: “Nunca é cedo pra beber, trepar e fumar.”

GAEL – (ri) Acho que ela estava certa.

Eles brindam e bebem um gole.

GAEL – Já que é pra falar das novidades, eu começo… Eu descobri que ela era casada e que o marido era pobre. Nada mais.

ANDRÉIA – E as gêmeas?

GAEL – Não encontrei nenhum resquício da existência da Laura. A garota realmente virou pó. Mas descobri o nome da mãe delas: Débora. Trabalhava no campo.

ANDRÉIA – Nada sobre o possível assassino da Elvira?

GAEL – Nada. Na verdade, a única coisa que é realmente estranho nisso tudo é que o marido da Marilda sumiu.

ANDRÉIA – E se ela o matou, a Elvira descobriu e ela matou a Elvira. Queima de arquivo.

GAEL – Não dá. O marido da Marilda morreu quando a Elvira pegou a Lúcia e a Elvira só morreu quando a Lúcia já era uma menina. Porque ela demoraria tanto assim?

ANDRÉIA – Mas e se a Elvira só descobriu depois?

GAEL – Não teria porque a Marilda matar a Elvira anos depois. Nem enterro a pessoa teve. Não tem corpo, Andréia. E muito menos provas.

ANDRÉIA – Que droga! Eu realmente não sei o que pode ter acontecido com a Elvira.

GAEL – Eu também não, mas eu prometi e eu vou cumprir: eu vou achar o culpado.

Eles bebem mais um gole.

ANDRÉIA – Minha vez: eu estou tentando me aproximar do Zequinha. Eu vou na escola dele, o vejo entrar e sair. Eles já me viram lá, mas eu não vou desistir do meu filho porque o Zeca quer.

GAEL – Acho que precisa pôr ele na justiça. Precisa de trabalho, Andréia. Eu não quero lhe forçar, mas/

ANDRÉIA – (corta) Sem mais, Gael! Eu não sou puta e nem pretendo ser. E além do mais, eu quero fazer isso de forma honesta e sem briga que possa prejudicar o Zequinha.

Andréia termina o uísque e sai. Gael bufa e também termina a sua bebida.

CENA 05. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA:

Numa mesa estão o Leandro e o Juliano conversando. A comida é servida e começam a se deliciar.

LEANDRO – Eu realmente não sei o que fazer para animá-la. Eu já tentei de tudo.

JULIANO – Tudo menos uma coisinha: leva-la as compras. Mulher é mulher sempre. Toda mulher gosta de se sentir amada, nova e feliz.

LEANDRO – Eu sou o fotógrafo, o estilista aqui é você. Acho que essa função deve ser sua.

JULIANO – Ótimo, eu ligo pra ela e peço pra me encontrar no shopping.

LEANDRO – Da outra vez foi mais fácil e mais rápido. A gente era recém-casado, tudo novo. Acho que ela se enjoou de mim.

JULIANO – Impossível. Mas você ainda não me contou os detalhes da outra vez. Eu sei o básico: você se casou com ela pra ganhar uma herança e ela descobriu o câncer.

LEANDRO – A herança era pouca, mas deu pra comprar aquela mansão e terminar meu curso. Mas o que me fez ficar falido foi o tratamento dela, eu fiz o possível e o impossível pra ela ficar boa logo.

JULIANO – (ri) Você merece o Prêmio Nobel da Paz. (com a boca cheia) Muitos a deixariam depois de pôr a mão no dinheiro.

LEANDRO – Eu a amo, Juh. Mas não é amor carnal, é amor de irmão. Sempre foi e ela sempre soube disso. Ela sempre soube do propósito desse casamento e ela me ajudou tanto que eu tive que ajudar também.

Juliano sorri e deixa o seu garfo pegar. Os dois se abaixam pra pegar e ao tocarem no garfo, suas mãos se tocam. Eles se encaram.

CENA 06. CLÍNICA. SALA. INTERIOR. DIA:

Nicki Minaj – I Lied

Helena está sentada numa cadeira com um saco de soro sendo ligada a sua veia. Ela chora e limpa suas lágrimas.

CENA 07. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA-NOITE:

Sonoplastia continua

Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas e carros indo e vindo a todo instante.

CENA 08. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE:

Sonoplastia off.

Laura está sentada na cama. Imaculada bate na porta e em seguida entra. Laura levanta e a abraça.

LAURA – É tão bom ver gente conhecida depois de dias me escondendo.

IMACULADA – Eu sempre soube que estava viva. Eu sentia isso, Laura. Mas o que aconteceu?

LAURA – A Marilda ela fez isso comigo. Ela mandou que o Tales me matasse, mas ele desistiu e me deixou fugir.

IMACULADA – E o que você pretende fazer?

LAURA – Agora que eu sei do que ela é capaz, é claro que eu vou salvar a minha irmã dela. Mas eu preciso de ajuda.

IMACULADA – É só dizer.

LAURA – Liga pra ela e marca o nosso encontro pra agora. Aqui mesmo no hotel.

Imaculada faz que sim. Ela pega o celular, faz ligação e o põe no ouvido.

IMACULADA – Eu preciso que me encontre nesse endereço. E vem rápido, é sobre sua irmã. Anota.

CENA 09. ESCOLA. EXTERIOR. NOITE:

Zequinha sai da escola e vai ao encontro do pai. Eles se abraçam. Ele olha pro lado e vê a Andréia o olhando. Ele corre até ela.

ZEQUINHA – Mamãe?!

ANDRÉIA – Meu filho.

ZEQUINHA – Porque você nunca fala comigo?

Ela começa a chorar e sai correndo. Zeca surge atrás dele. E encara o filho, bravo.

CENA 10. HOTEL. EXTERIOR. NOITE:

Lúcia salta do carro e olha pros cantos, e não acha a Imaculada. Ela encosta no carro e pega o celular. Laura surge atrás dela.

LAURA – Lúcia?!

Lúcia olha pra trás e vê a irmã. Tensão. Lúcia chora e se aproxima da mesma.

LÚCIA – Laura?!

FIM DO CAPÍTULO

| Linha de Sangue – Seg à Sex – 21h15 

18s17s

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