|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 01/SEDE DA MUJER/SALA DA MARILDA/INTERIOR/NOITE:
Lúcia e Laura, sentadas nas cadeiras e conversando. Marilda entra, já falando.
MARILDA – O que é tão urgente, Lúcia? Estou totalmente cansada e espero que não demore muito.
Marilda olha as duas e fica pasma. Lúcia e Laura levantam e encaram a Marilda.
LÚCIA – Mamãe, essa é a minha irmã.
MARILDA – Você está maluca, Lúcia? Isso é uma impostora! Chame os seguranças! Agora!
LÚCIA – Não mãe, a senhora está enganada. Ela é a minha irmã mesmo. A Elvira me pegou num rio, mãe. Foi a Débora que botou lá.
MARILDA – Quem é essa Débora? Por favor, Lúcia, chame os seguranças!
LAURA – Débora é a minha mãe, nossa mãe. Não há motivo para chamar os seguranças. Eu vou indo, mas dona Marilda acredite em nós.
Laura se despede da irmã e sai. Marilda caminha até a Lúcia e a abraça.
MARILDA – Eu não queria que esse dia chegasse Lúcia, mas ele chegou.
LÚCIA – Você sabia que eu tinha uma irmã?
MARILDA – Não, não sabia. Eu achava que um dia alguém iria vir atrás de você. Mãe ou irmã.
LÚCIA – Eu fiquei com medo de você dizer que ela não é a minha irmã e que fizesse algo contra ela.
Marilda se afasta e encara a Lúcia.
MARILDA – O que eu faria contra ela? Eu não sou uma rainha da Disney! Pelo amor, Lúcia.
LÚCIA – Desculpa mãe, desculpa. Eu sei que você nunca faria nada de mal contra ela. Eu vou pra casa, vem comigo?
MARILDA – Já vou, preciso falar com o Gael primeiro.
Lúcia beija a Marilda e sai. Marilda respira fundo e vai atrás.
CENA 02/SEDE DA MUJER/SALA DO GAEL/INTERIOR/NOITE:
Marilda entra e caminha até o Gael que está sentado na cadeira.
GAEL – Onde você esteve? Eu estou atrasado por culpa sua.
MARILDA – Desculpe, estive ocupada em Minas. Mas estou de volta, querido.
GAEL – Teve poucos contratados. Laura alguma coisa, Juliano alguma coisa foram os ótimos e…
MARILDA – Essa Laura vai me causar problemas, mas a Lúcia já me deu uma ótima forma de resolver tudo.
GAEL – Você a conhece?
MARILDA – É a irmã gêmea da Lúcia e a minha filha está toda boba. Idiota!
GAEL – E o que você pretende fazer, Marilda?
MARILDA – Eu vou fazer o que for preciso, Gael. E o que me deixa mais triste é que a Lúcia é uma menina idiota! Ela tinha que ser filha da Débora, mesmo.
Gael levanta da cadeira rápido. Ele se aproxima de Marilda, nervoso.
GAEL – Débora?! O nome da mãe adotiva da Lúcia é Débora? Aquela que deixou a herança?
MARILDA – É Débora, por quê? Eu nunca tinha te dito o nome dela, né? Eu sei, nome de pobre pra uma pessoa tão rica.
GAEL – E você sabia que ela era rica assim? Digo, você disse que ela era sua vizinha.
MARILDA – Ela era tão pobre quanto eu. Acho que ela assaltou um banco ou algo assim. Sei lá.
GAEL – Eu tenho que ir, Marilda. Estou muito atrasado.
MARILDA – Tá tudo bem? Você está muito pálido!
Gael faz que sim com a cabeça e sai. Marilda dá os ombros e sai.
CENA 03/PENSÃO MARTINS/SALA/INTERIOR/NOITE:
Dalva e Ivan entram na sala. Dalva senta no sofá e Ivan pega um travesseiro pra ela. Ele bota nas costas dela.
DALVA – Acabei me lembrando que não comprei pão, leite e café. Não deu tempo.
IVAN – Eu vou correndo lá antes que feche. Onde está o dinheiro?
DALVA – Na minha bolsa… E Ivan passa reto daquele bar, por favor.
IVAN – Eu não jogo mais, Dalva. Confie em mim, por favor.
Ele a beija e sai.
CENA 04/MANSÃO CAMPOS MELO/SUÍTE DA MARILDA/INTERIOR/NOITE:
Marilda entra e Tales entra atrás. O último fecha a porta. Eles se encaram.
MARILDA – Eu quero lhe propor algo, Tales e espero que aceite.
TALES – O que é? Eu preciso ir embora, Marilda.
MARILDA – Você não vai embora, não agora. Eu quero fazer sexo.
Ela se aproxima do Tales e começa tirar a camisa dele. Ele hesita.
TALES – Eu não quero!
MARILDA – Não é qualquer sexo, Tales. É um sexo selvagem, gostoso. E eu tenho certeza que você quer.
TALES – Com um pedido desse, quem pode recusar?
Eles começam a tirar as roupas. Eles se beijam. Marilda para de beijá-lo e vai até o armário. Ela pega uma algema e um chicote.
MARILDA – Me prenda, me bata e me possua. Eu sou sua, somente sua.
TALES – O seu desejo é uma ordem, dona Marilda.
Ele pega os objetos. Marilda deita na cama e Tales a prende. Eles se beijam, sedentos.
CENA 05/PENSÃO MARTINS/SALA/INTERIOR/NOITE:
Dalva está sentada no sofá, vendo TV. Zequinha entra e se aproxima dela.
ZEQUINHA – Dona Dalva, eu posso falar com você por um momento.
DALVA – É claro, Zequinha. O que foi?
ZEQUINHA – Eu quero me desculpar por ter deixado o carrinho na escada. Desculpa.
DALVA – Tudo bem, meu filho. E diga ao seu pai que eu estou bem que ele não precisava ter gritado com você.
ZEQUINHA – Como você sabe que ele gritou comigo, dona Dalva?
DALVA – Eu conheço teu pai e te conheço. Você não fica assim pra baixo atoa.
O menino sorrir e a beija. Ele se sobe as escadas. Dalva olha o relógio, preocupada.
CENA 06/RUA/EXTERIOR/NOITE:
Ivan passa na rua com uma sacola. Ele passa frente a um bar e um homem sai dele.
HOMEM – Ivan! Ivan! Entre aqui e jogue um pouco. Você sumiu, cara.
IVAN – Eu não jogo mais.
HOMEM – A gente te ensina de novo. Você era ótimo! Não perdia uma, quer dizer, até que conheceu a mulher.
IVAN – Não fala da Dalva.
HOMEM – Tá bom, desculpa. Eu não vou falar dela, mas só se você entrar aqui um pouquinho.
Ivan concorda e entra. Ele senta-se à mesa e começa a jogar cartas.
CENA 07/BOATE SEXUS/FUNDOS/EXTERIOR/NOITE:
Gael salta do taxí e entra nos fundos da boate. Ele senta no chão e pega uma foto da Elvira no bolso.
GAEL – (choroso) Desculpe Elvira, desculpe. Eu estava tão perto dela e eu nem percebi.
Ele limpa as lágrimas que caem. Abraça a foto e chora mais.
GAEL – (choroso) Eu vou pegar a assassina. E se não foi a Marilda, ela sabe quem foi. Eu vou acabar com quem te matou, eu juro.
Ele limpa as lágrimas. Guarda a foto e levanta. Ele sai andando, devagar.
CENA 08/STOCK-SHOTS/EXTERIOR/NOITE-DIA:
Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas caminhando pelas ruas e carros indo e vindo.
CENA 09/BOATE SEXUS/ESCRITÓRIO/INTERIOR/DIA:
Gael está sentado na cadeira, usando óculos escuros. Andréia entra e senta na frente dele.
ANDRÉIA – Alguém aqui esqueceu que além de empresário é dono de boate.
GAEL – Eu não me esqueço disso nunca, querida Carlota.
ANDRÉIA – Insiste em me chamar assim… O que aconteceu, Gael?
GAEL – Eu sei que eu não dei as caras ontem, mas eu estava ocupado. Coisas ocorreram, querida.
ANDRÉIA – Eu sou todos os ouvidos.
GAEL – Antes de abrir a Sexus, eu trabalhava num esquema. Vendia coisas. E a minha parceira, Elvira foi assassinada e eu prometi que pegaria o assassino. Acontece que eu descobri estou perto da possível assassina.
ANDRÉIA – Nossa Gael, eu não sei o que dizer. Eu sinto muito, mas estou aqui pra ajudar.
GAEL – Faremos um trato: eu te ajudo com o Zequinha e você me ajuda com isso.
ANDRÉIA – Ok meu parceiro de crime. (ri) Boa sorte, vou voltar ao meu trabalho de Irina: eu só faço a contabilidade!
Eles riem e Andréia sai.
CENA 10/PENSÃO MARTINS/SUÍTE MARTINS/INTERIOR/DIA:
Dalva está deitada na cama. Ivan sai do banheiro enrolado na toalha e senta na cama.
DALVA – O Juliano teve que ir na padaria hoje. O que você estava fazendo?
IVAN – Eu fui na padaria, no mercado, mas estava tudo fechado.
DALVA – Tudo bem, Ivan. Só não minta pra mim, por favor.
IVAN – Eu não estou mentindo, Dalva. Eu juro.
Ele beija a testa dela e começa a se vestir. Dalva limpa as lágrimas que caem.
CENA 11/MANSÃO CAMPOS MELO/COZINHA/INTERIOR/DIA:
Marilda entra na cozinha e encontra o Tales e Maria conversando. Ela sorri e se aproxima.
MARILDA – Bom dia, empregados. Eu preciso conversar com vocês, queridos.
TALES – É só dizer, dona Marilda.
MARILDA – É o seguinte: eu preciso que o Tales faça algo pra mim, mas eu sei que ele não vai querer fazer.
TALES – Como você pode ter tanta certeza?
MARILDA – Porque é pra matar alguém e eu sei que você é um pamonha! Então eu vou chantagear vocês!
MARIA – Com o que? Nós é que estamos com a gravação de áudio daquela sua conversa com o Gael.
MARILDA – (ri) Oh querido Tales, lembra-se de ontem quando nós transamos? Então, antes do ato acontecer, eu pedi pra um segurança botar umas câmeras no quarto e pelos cortes que eu fiz parece que você está me estuprando.
MARIA – Se você divulgar, nós divulgamos o áudio!
MARILDA – Ótimo! O que vale mais: um áudio ou um vídeo? A imprensa não vai acreditar no que não se pode ver, queridos.
MARIA – Sua filha da p…
TALES – (corta) Ok, Marilda. Eu faço! Eu vou matar quem você quiser, mas queima essa gravação.
MARILDA – Eu vou queimar, mas quero que vocês queimem as cópias do áudio.
Tales concorda. Maria se aproxima da Marilda, a encara e sai.
TALES – Quando vai ser e quem é?
MARILDA – Hoje à noite. E você ainda não conheceu a Lúcia, né?
TALES – Não, você não deixa ela sair daquele quarto. É ela?
MARILDA – Eu não quero que mate a minha filha! Mas a irmã dela, Laura.
Marilda tira uma foto da Lúcia do bolso e entrega ao Tales.
TALES – É a Laura lá da pensão. É ela, então?
MARILDA – Essa é a Lúcia. A Laura é a irmã gêmea da minha filha e eu quero que a mate. Fique de vigia na pensão, quando ela sair ou quando ela ficar sozinha, a mate.
TALES – Ok, dona Marilda.
Marilda sorri e sai.
CENA 12/PENSÃO MARTINS/SALA/INTERIOR/DIA:
Laura desce as escadas e encontra o Zeca sentado no sofá ao lado do Zequinha.
LAURA – A Dalva me disse que você corre num Parque. Qual é o Parque?
ZECA – Parque do Ibirapuera. Quer que eu te leve?
LAURA – Não precisa. Eu dou um jeito de achar o caminho.
ZECA – Não, eu faço questão.
Laura sorri e volta a subir as escadas. Zequinha encara o pai, sorridente.
CENA 13/STOCK-SHOTS/EXTERIOR/DIA-NOITE:
Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas caminhando pelas ruas e carros indo e vindo.
CENA 14/PARQUE IBIRAPUERA/EXTERIOR/NOITE:
Laura e Zeca correm pelo Parque, conversando.
ZECA – Eu achei estranho você não saber onde é. Eu te vi aqui alguns dias atrás.
LAURA – Eu nunca vim aqui, Zeca… (ri) Ah já sei, deveria ser a minha irmã.
ZECA – Irmã? Você nunca disse que tinha uma.
LAURA – Eu também não sabia, descobri ontem. Grande história.
ZECA – Vou pegar uma água, você quer?
LAURA – Quero sim. Obrigada.
Zeca sai. Laura para perante a árvore. Tales surge atrás dela.
TALES – Desculpa Laura, desculpa.
Ela olha pra trás e encontra o Tales segurando uma arma, tremendo.