|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.
CENA 01/MANSÃO CAMPOS MELO/SUÍTE PRINCIPAL/INTERIOR/DIA:
Marilda sai do banheiro e encontra o Gael sentado na cama. Ela sorri e senta ao lado dele.
MARILDA – Bom dia, Gael.
Ele sorri e entrega a ela uma revista que mostra o Gael e a Marilda na capa.
GAEL – O seu plano funcionou, tá todo mundo acreditando que aquela viga caiu por acidente.
MARILDA – Eu disse que ia dar certo. Todos caíram. (ri) O povo daqui é tão burro!
GAEL – E você também é. Era nítido que aquela viga era falsa.
MARILDA – O importante é que o nosso nome tá na boca do povo. E se o nosso nome tá boca do povo, a nossa revista também.
Eles riem. Marilda o beija e levanta. Ela começa a sensualizar.
MARILDA – (cantarola) Eu vou sabotar, vou casar com ele.
CENA 02/MANSÃO CAMPOS MELO/CORREDOR/INTERIOR/DIA:
Tales está parado na porta do quarto da Marilda. Ele em choque com o que ouve.
TALES – Filha da puta!
Ele se vira e sai.
CENA 03/MANSÃO MEDEIROS/SALA DE ESTAR/INTERIOR/DIA:
Helena desce as escadas e vai ao encontro do Leandro. Ambos choram. Eles se abraçam.
LEANDRO – (choroso) Porque você escondeu isso de mim? Helena, nós estamos juntos na saúde e na doença.
HELENA – (chorosa) Eu já destruí a sua vida antes, Leandro. Eu não quero…
LEANDRO – (choroso, corta) Cala a boca! Você nunca destruiu a minha vida. Pelo contrario, a ergueu.
HELENA – (chorosa) Você só se casou comigo pelo dinheiro que ia receber. E eu acabei com esse dinheiro.
LEANDRO – (limpa as lágrimas) E você acha que me importei? Em primeiro lugar não foi só pelo dinheiro, foi pra me ver livre do meu pai. E em segundo lugar, eu que quis te ajudar a pagar o tratamento. Você não me pediu nada!
HELENA – (chorosa) Mesmo assim. Agora é mais grave, quer dizer, olha a minha idade.
LEANDRO – Isso não significa nada. Ainda está no começo e logo você vai ficar ótima novamente.
HELENA – (limpa as lágrimas) Eu queria ter metade do seu otimismo.
LEANDRO – Agora fica quieta, por favor. E vamos trabalhar… E se você disser que vai morrer, eu te mato antes.
Eles riem. Leandro beija a testa e em seguida, a boca da Helena. Eles se encaram e saem.
CENA 04/MANSÃO CAMPOS MELO/COZINHA/INTERIOR/DIA:
Tales entra na cozinha em choque. Ele senta na cadeira e Maria entra segurando uma cesta de roupa.
MARIA – Fez o que eu mandei? Eu preciso saber o que a Marilda vai comer.
TALES – Ela tava ocupada e eu ouvi a conversa entre ela e o Gael.
MARIA – Esses dois só conversam sobre trabalho. Trabalho e mais trabalho.
TALES – E sobre sabotagens.
MARIA – Que sabotagem, Tales?
TALES – Eles não se machucaram Maria. Era uma farsa. A viga que caiu era falsa.
MARIA – Falsa tipo plástico?
TALES – Sei lá, eles não falaram, mas acho que sim
MARIA – Estou a cada dia mais gostando dessa mulher. É das minhas!
TALES – Será que você não entende? Eles fizeram isso pra ficar famosos. Pra vender revistas.
MARIA – Para de ser inocente, Tales. O que você faz com uma bomba dessas? Opção a: vende pra uma revista concorrente. Opção b: pede dinheiro a Marilda pra não divulgar a bomba. Opção c: liga o Facebook e sai publicando que a Marilda e o Gael fingiram tudo isso. Qual você escolhe?
TALES – Sei lá, opção c. Eu não sei, Maria. Eu não sei.
MARIA – É lógico que é a opção b! Ninguém se importa com você, ninguém vai ver o seu Facebook.
TALES – Tá eu peço dinheiro pra ela. Mas e se ela me matar? Queima de arquivo, Maria.
MARIA – Você está vendo jornal demais. A Marilda é malandra, falsa e sem coração. Mas matar? Acho que é demais pra ela.
TALES – Tudo bem, eu vou. Mas só depois que a casa ficar vazia. Sem você e com a maioria dos seguranças fora daqui.
MARIA – Ok. Mas peça uma ótima quantia e não se esqueça de muá.
TALES – Mu o que? Muá? O que é isso, Maria?
MARIA – É eu em francês. Aprendi com a Marilda, ela falou isso antes de ir para a inauguração da revista. É chique!
Maria manda um beijo pro Tales e sai com a cesta na mão. Tales levanta e vai atrás.
CENA 05/BOATE SEXUS/ESCRITÓRIO/INTERIOR/DIA:
Gael entra e encontra a Helena sentada na sua cadeira. Eles se encaram
HELENA – Desculpa ter vindo até aqui. Eu sei que você não gosta.
GAEL – E não gosto mesmo. Aqui eu sou o Gael cafetão e não sou seu amigo aqui dentro.
HELENA – Tá desculpa, mas eu precisava te ver. Te abraçar.
GAEL – O que você não me pede chorando que eu não faço rindo?
Ela levanta e o abraça. Após, se afastam.
HELENA – Eu contei pra ele.
GAEL – E ele?
HELENA – Disse o mesmo discurso de sempre que vai me ajudar.
GAEL – E você sabe que é verdade, Lena. Ele te ajuda em tudo!
HELENA – Eu sei, mas eu tô cansada de ter que pedir dinheiro pro Leandro. Ele gastou tudo comigo.
GAEL – Agora vocês estão trabalhando. Você vai ter o seu próprio dinheiro.
HELENA – Eu sei, meu amor. Eu sei, Gael.
GAEL – Então pra que essa cara?
HELENA – Acho que eu tô frágil.
GAEL – Vem cá, querida.
Eles se abraçam novamente.
CENA 06/STOCK-SHOTS/EXTERIOR/DIA-NOITE:
Imagens de São Paulo anoitecendo. Pessoas caminhando pelas ruas e carros indo e vindo.
CENA 07/ESCOLA/FRENTE/EXTERIOR/NOITE:
Summertime Sadness – Lana Del Rey
Zeca está saindo com o Zequinha da escola. Eles conversam. CÂM desvia pra Andréia que olha o filho, emocionada.
CENA 08/HOSPITAL/SALA/INTERIOR/NOITE:
SONOPLASTIA CONTINUA
Helena em frente ao médico. Ele a encara, sério. Ele levanta e se aproxima dela.
MÉDICO – (baixo) Você precisa ser forte, Helena.
HELENA – (baixo) Eu sei doutor.
Ela levanta e aperta a mão dele. Eles se encaram e ele a leva pra saída.
CENA 09/CASA DO XERIFE/SALA/INTERIOR/NOITE:
SONOPLASTIA CONTINUA
O Xerife está ouvindo a gravação. Ele está estático. Bianca se aproxima dele.
Ela o encara, triste. A gravação termina e ele olha pra Bianca, sério. MUSIC FADE
CENA 10/BOATE SEXUS/SALÃO/INTERIOR/NOITE:
Gael está sentado no bar, bebendo. Andréia se aproxima dele, chorando.
GAEL – O que houve Carlota?
ANDRÉIA – (chorosa) Meu nome é Andréia.
GAEL – O que houve Andréia?
ANDRÉIA – (limpa as lágrimas) Houve que tudo tá uma merda! Eu voltei da Espanha depois que o meu marido me abandonou. Minha mãe morreu e o pai do meu filho não deixa eu vê-lo.
GAEL – Desde que você os abandonou, você nunca mais o viu?
ANDRÉIA – Duas vezes. Hoje e no enterro da minha mãe. Mas foi muito rápido. Não dei um abraço dele e parece que o pai dele andou falando coisas sobre mim.
GAEL – Coisas essas que devem ser verdades, né querida?
ANDRÉIA – Imagino que sim, mas eu mudei Gael. E eu quero vê-lo.
GAEL – Eu vou te ajudar, querida. Mas eu preciso de uma nova amiguinha. A Tiffany logo vai embora.
ANDRÉIA – Tudo bem, eu sou sua nova amiguinha. Mas não vou ser puta.
GAEL – Tudo bem, querida. Como você quiser.
Ela o abraça e sai. Gael termina de beber e vai atrás, rindo.
CENA 11/MANSÃO CAMPOS MELO/SUÍTE DA MARILDA/INTERIOR/NOITE:
Marilda está deitada na cama, sonolenta. Tales entra e ela se assusta.
MARILDA – Que merda é essa? Quem você pensa que é?
TALES – Desculpe, mas eu preciso falar com você. É urgente!
MARILDA – Pode dizer, querido.
TALES – Eu ouvi a sua conversa com o Gael e eu não quero ouvir lorotas. Eu quero dinheiro, Marilda.