Linha de Sangue | Capítulo 07

Linha de Sangue_AATV

|“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade”.

CENA 01/REVISTA MUJER/JARDIM/INTERIOR/DIA:

Marilda e Gael caídos no chão, desmaiados. Muitos flashs de câmeras neles. Jornalistas enlouquecidos. Helena entra no palco, em choque.

HELENA – Por favor, alguém chama a ambulância. Eles estão desacordados!

Burburinho alto.

CENA 02/REVISTA MUJER/FRENTE/EXTERIOR/DIA:

Lúcia em choque. Ela começa a chorar. Ela tenta entrar no jardim, mas os seguranças a seguram.

LÚCIA – Deixa eu entrar! Ela é a minha mãe, pelo amor de Deus.

SEGURANÇA – Sua mamãe nos deu ordens. Você não pode entrar aqui.

LÚCIA – Caso não tenha percebido, ela está desmaiada. Deixa eu entrar!

Eles não deixam. Ela se afasta e pega três pedras. E as taca na região genital deles. Eles urram de dor e ela ri.

LÚCIA – Eu sou ótima de pontaria!

Ela entra correndo.

CENA 03/PENSÃO MARTINS/SALA/INTERIOR/DIA:

Zequinha está sentado no sofá, vendo TV. Ele olha fixo pra tela.

ZEQUINHA – (grita) Pai! Pai!

Zeca, Dalva e Imaculada entram na sala. Eles se aproximam do menino.

ZEQUINHA – Um acidente com a chefe do Tales e da Maria. A dona da revista Mujer.

ZECA  – Você disse que tinha mandando um currículo pra lá, né? Pra Laura.

ZEQUINHA – É mesmo.

DALVA – Não é a Laura correndo ali? Estranho.

IMACULADA – Acho que você está precisando de óculos, Dalva.

ZECA  – Então eu também estou precisando de óculos. É a Laura!

IMACULADA – Não é a Laura!

Imaculada pega o controle e desliga a TV.

IMACULADA – Vamos trabalhar. Eu preciso dos seus serviços de encanador. E Dalva, temos roupas a lavar.

ZEQUINHA – E eu, Ima?

IMACULADA – Você com certeza deve ter um dever de casa pra fazer.

Eles concordam e saem. Ela respira fundo e vai atrás da Dalva.

CENA 04/MANSÃO CAMPOS MELO/COZINHA/INTERIOR/DIA:

Maria e Tales estão sentados em frente a TV. Maria levanta e pega um copo d’água.

JORNALISTA  Não sabemos ao certo o estado dos dois. Mas parece ser sério. Ambos foram atingidos na cabeça.

Maria desliga a TV e encara o Tales.

MARIA – Tomará que a dona Marilda fique bem logo. Eu não fico sem o meu salário!

TALES – Pelo amor de Deus Maria, eles estão mal de verdade.

MARIA – Como se você se importasse de verdade. Você só quer uma coisa: o corpo nu da Marilda.

TALES – E pra isso eu preciso que ela fique bem logo. Eu não posso invadir o hospital, certo?

Eles riem. Tales pega o copo d’água da mão de Maria e bebe. Após, ele sai. Ela levanta e começa a preparar o almoço.

CENA 05/PENSÃO MARTINS/FRENTE/EXTERIOR/DIA:

Um táxi para em frente a pensão. Juliano salta do carro e caminha até a porta. Ele toca bate na porta. Ivan atende.

IVAN – Quem é você?

JULIANO – Prazer o meu nome é Juliano. Estou aqui pra morar.

IVAN – Ah o amiguinho da Dalva. Espere um momento.

Ivan pega o Juliano na parede e o encara. Juliano atordoado, sem entender.

IVAN – Não é estranho que a minha mulher tenha aberto uma exceção pra você? Quero dizer, não tem mais quartos aqui. Mas ela insistiu que você ficasse na garagem. Eu limpei a garagem e comprei uma cama e um armário pra você. Agora me responda: o que você tem de especial?

JULIANO – (com dificuldade) Nada. Eu só sou um amigo da Dalva. Éramos vizinhos. Ela ajudou a minha mãe a me criar.

IVAN – Jura que é só isso? Eu me garanto, mas você é um menino bonito. Tem certeza que é só isso?

JULIANO – (ri, com dificuldade) Eu sou gay, seu Ivan. Nunca tive uma relação com uma mulher.

Ivan o solta. Eles começam a ri.

IVAN – Desculpa eu não sabia.

JULIANO – Tudo bem, a Dalva é uma ótima mulher. Tem que se precaver mesmo.

Juliano pega suas malas e entra. Ivan vai atrás, com vergonha.

CENA 06/HOTEL/QUARTO/INTERIOR/DIA:

Andréia está deitada na cama, comendo uvas. Batem na porta. Ela levanta e vai atender.

ANDRÉIA – O que desejam?

O Bellhop entra com dois seguranças. Andréia entra na frente deles, sem entender.

ANDRÉIA – Que merda é essa?

BELLHOP – Todos os seus cartões foram recusados. E ligamos para o senhor Valentino e ele nos disse que você é uma pilantra. Disse que deveríamos chamar a polícia, mas eu achei melhor cuidar disso sozinho. Sem polícia.

ANDRÉIA – Eu não mereço isso, sabia? Eu sou uma ótima pessoa! Pago minhas contas, quando dá pra pagar.

BELLHOP – (aos seguranças) Peguem as coisas dela e se preciso, pegue ela.

Eles concordam e começam a circular o quarto. O Bellhop se vira pra sair, e Andréia pega no braço dele.

ANDRÉIA – Quem você pensa que é? Você é só um maleiro. É pago pra pegar malas.

BELLHOP – E quem você é? Uma pilantra como disse o senhor Valentino.

ANDRÉIA – Aquele argentino disfarçado de espanhol. Filho da puta! Vocês dois são filhos da puta.

Ela pega a sua bolsa e caminha até a porta. E retorna, raivosa.

ANDRÉIA – E tratem de pegar essas roupas direito. São caras, meus queridos.

E sai, brava.

CENA 07/PENSÃO MARTINS/QUARTO PINHEIRO/INTERIOR/DIA:

Zeca e Zequinha entram no quarto. O primeiro segurando uma caixa de ferramentas.

ZECA – Eu tenho um trabalho lá no Jardins, ok?

ZEQUINHA – Você trabalha demais, pai. Quase não tem tempo pra mim.

ZECA – Eu preciso pagar a pensão. E ainda tem sua escola e seus presentes caros: celular, vídeo-game e computador.

ZEQUINHA – Só to dizendo que sinto falta de alguém. Uma mãe. A Laura, por exemplo.

ZECA – A gente já conversou sobre isso, Zequinha. Eu não estou pronto.

ZEQUINHA – É a Andréia, né? Eu vi ela no enterro hoje.

ZECA – É, mas eu não quero que você a veja mais. E se ela te procurar…

ZEQUINHA – (corta) Eu sei o que fazer, pai. Eu não quero conversar com ela.

Ele beija o pai e sai. Zeca sorri e deita na cama, exausto.

CENA 08/STOCK-SHOTS/EXTERIOR/DIA-NOITE:

Poema – Ney Matogrosso

Imagens de São Paulo amanhecendo. Pessoas caminhando pelas ruas e carros indo e vindo.

CENA 09/HOSPITAL/QUARTO #1/INTERIOR/NOITE:

SONOPLASTIA CONTINUA

Lúcia ao lado da cama onde a Marilda está deitada. Lúcia está segurando a mão das Marilda.

Marilda abre os olhos e Lúcia começa a chorar. Marilda sorri e elas se abraçam.

CENA 10/HOSPITAL/QUARTO #2/INTERIOR/NOITE:

SONOPLASTIA CONTINUA

Tiffany está ao lado do Gael. Ele abre os olhos e ela pega nas mãos dele. Eles sorriem. MUSICFADE

CENA 11/RUA/EXTERIOR/NOITE:

Andréia andando pelas ruas segurando as malas. Ela para e pega o celular. Faz a ligação e põe no ouvido.

ANDRÉIA – Zeca! Zeca, por favor. Não desliga. Zeca! (desliga) Filha da puta!

Ela pega as malas e sai andando, raivosa.

CENA 12/PENSÃO MARTINS/QUARTO DA LAURA/INTERIOR/NOITE:

Laura está deitada na cama. Zequinha entra e senta na cama.

ZEQUINHA – Podemos conversar? Juro que é rapidinho.

LAURA – Tudo bem.

ZEQUINHA – Primeiro: o que você estava fazendo na inauguração da Revista Mujer.

LAURA – Eu não estava lá. Eu estava conhecendo o bairro da Liberdade.

ZEQUINHA – Estranho. Enfim, segundo: é sobre o meu pai. Você acha ele bonito?

LAURA – Ele é atraente.

ZEQUINHA – Você poderia dá uma chance pra ele, não acha.

LAURA – (ri) Eu vou pensar nisso, Zequinha.

ZEQUINHA – Ótimo. Boa noite, Laurinha.

Ele a beija e sai. Laura levanta, pensativa.

CENA 13/MANSÃO MEDEIROS/SALA DE ESTAR/INTERIOR/NOITE:

Helena está sentada no sofá com um envelope em mãos. Leandro começa a descer as escadas e para.

LEANDRO – Boas notícias: eles estão bem, Helena.

HELENA – Que ótimo, Leo.

LEANDRO – Porque você insiste em me chamar de Leo. Meu nome não é Leonardo.

HELENA – Apenas costume.

LEANDRO – Ok. Tá tudo bem, meu amor?

HELENA – Tudo ótimo.

Ele concorda e sobe novamente. Helena olha pro envelope e começa a chorar.

HELENA – (chorosa) Seja o que Deus quiser.

Ela começa abrir o envelope. Pega o papel e olha fixa ele.

CENA 14/PENSÃO MARTINS/GARAGEM/INTERIOR/NOITE:

Juliano e Dalva entram, rindo.

DALVA – (ri) Não acredito que ele fez isso, Juliano. Sabia que ele iria ficar maluco.

JULIANO – Ele tá certo, Dalva. Você é linda, tem que tomar cuidado mesmo.

DALVA – Ah para, Juh.

Eles sentam na cama e Dalva vê um dado no chão. Ela levanta e pega o dado.

JULIANO – O que é isso?

DALVA – Algo que o Ivan deveria ter jogado no lixo.

Ela sai correndo. Juliano deita na cama, sem entender.

CENA 15/PENSÃO MARTINS/QUARTO PINHEIRO/INTERIOR/NOITE:

Zeca sai do banheiro e batem na porta. Ele abre e Laura entra.

LAURA – Oh desculpa, se quiser eu…

ZECA  – Tudo bem, pode dizer.

LAURA – O Zequinha foi falar comigo. Sobre nós.

ZECA  – Eu vou matar ele. Eu disse que nós não vamos ter nada.

LAURA – E porque não podemos tentar? Só tentar, sabe?

Ela se aproxima dele. E ele hesita.

LAURA – Só tentar, se não der certo… Não deu.

ZECA  – Ok

Eles se aproximam e se beijam.

FIM DO CAPÍTULO

| Linha de Sangue – Seg à Sex – 21h15 

18s17s

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